ARTIGO — Acertar o caminho depende de informação

Telmo Schoeler

Pense comigo. Imagine um médico ao qual você relatou seus desconfortos e sintomas ao final da conversa lhe sugerir ir direto para a sala cirúrgica, sem avaliações preliminares e corretas sobre seu tipo sanguíneo, pressão arterial, tempo de coagulação, alergia a anestésicos. Você toparia deitar na maca? E se essas informações existissem, mas sua precisão fosse questionável porque o medidor de pressão está com defeito, a escala do termômetro errada, o reagente químico fora de validade….Topas?

Aí um amigo seu, piloto, diz que resolverá seu problema lhe transportando no seu avião para famoso centro médico em Boston, incentivando-o a embarcar imediatamente, sem necessidade de verificar o nível de combustível, as condições meteorológicas no trajeto, a direção e velocidade do vento, as alternativas de pouso emergencial, entre outros, pois sua grande experiência, suas milhares de horas de voo e seu mero olhar lhe dizem que está tudo certo. Você toparia embarcar? Pensando na Chapecoense e como dizia aquela antiga propaganda, “nem a pau, Juvenal”!

Se assim é, como é possível que grande quantidade de empresários e executivos tomem decisões e empreendam ações sem olhar para os dados e informações emanadas da contabilidade? Ou, fazem isso olhando para elas sabendo que contém omissões, erros e distorções, propositais ou não.

O mundo 4.0, com tecnologia e conectividade já ensaiando o 5.0, exige que a essência das informações da empresa retratadas nos seus demonstrativos – balanço patrimonial, DRE e fluxo de caixa – sejam corretas, precisas, atualizadas, imediatas, disponíveis em sistemas interconectados e compatíveis, permitindo a inclusão dentro de uma economia circular que cada vez mais une o universo de stakeholders.

Este movimento tende inexoravelmente à tecnicidade, formalidade e transparência de atos e fatos. A ilegalidade, o jeitinho, o desvio de objeto e conduta, passarão a ser descobertos, denunciados e trazidos a público pela cibernética e a inteligência artificial e, assim, afastarão clientes, fecharão mercados, restringirão fornecedores e bloquearão acesso a recursos creditícios e acionários, redundando em desaparecimento das empresas e negócios. Órgãos burocráticos investigativos e tribunais passarão a ser coisas do passado, realisticamente, desnecessários, porque a tecnologia eliminará automaticamente os errados e desajustados.

Por isso, passou a existir apenas um caminho no registro dos eventos da vida empresarial: a tecnicidade, precisão e correção de dados e informações, tanto para propiciar a adequada análise e tomada de decisão por parte de todos os agentes da estrutura de Governança Corporativa – acionistas + conselheiros + executivos + órgãos de controle – quanto para livrá-los da responsabilidade e ônus de erros, permitindo que assumam sua efetiva e construtiva responsabilidade pela sustentabilidade da companhia e a criação de valor. Ou seja, os princípios internacionais de Governança – Transparência / Equidade / Prestação de Contas / Responsabilidade Corporativa – não são teoria de códigos e leis, mas prática de sobrevida. Simples assim!

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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