A relação do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, com o Palácio do Planalto, vem enfrentando revezes. O imbróglio começou a partir das indicações feitas ao Conselho de Administração da Petrobras, escolhas pelas quais foi muito criticado. Além disso, Silveira tem se aproximado do governador do seu estado, Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), o que gerou desconfiança até mesmo na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).
Diante da instabilidade, o ex-governador do Paraná Roberto Requião (PT) cobrou a demissão do ministro, sob o argumento de que teria traído o presidente Lula na indicação dos conselheiros da Petrobras. “Silveira pede demissão imediatamente, ou espera ser demitido pelo nosso governo? O que vai acontecer?”, questionou Requião. No entanto, fontes do governo não acreditam que Silveira será demitido.
As entidades do setor também pressionam pela queda do ministro. Recentemente em nota, a Federação Única dos Petroleiros (FUP) afirmou que os indicados seriam nomes ligados ao mercado financeiro e a favor de privatizações. Outro fator que pesa contra o ministro é o fato de não possuir experiência e expertise suficiente sobre os temas que pautam seu ministério. A conquista do cargo se deu por meio de indicação do Senado Federal, inclusive pelo próprio presidente da Casa, seu conterrâneo Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Não é apenas o Planalto que está insatisfeito com a atuação de Silveira. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, tem cobrado maior incentivo do governo a biocombustíveis e energias renováveis — pauta defendida em campanha, mas que até o momento não teve andamento. Vale lembrar, ainda, que, na reestruturação dos ministérios, o MME foi o menos alterado de todos. Algumas secretarias e departamentos mudaram de nome, mas as competências não foram alteradas.
Sob controle
Em meio a tudo isso, houve atraso na execução de pautas. Em nota, o ministério afirma, contudo, que “todas as atividades da pasta ocorrem normalmente, sem qualquer tipo de interrupção, inclusive com avanços relacionados ao planejamento e implementação de novos projetos para as áreas de energia, mineração, petróleo, gás e biocombustíveis”, defendeu.
Sobre os atrasos na nomeação dos cargos, especialmente do segundo escalados, o MME afirma estarem “ocorrendo gradualmente, considerando a responsabilidade e o relevante papel do ministério diante dos setores energético e mineral do país. O processo de substituição é semelhante ao observado em toda a Esplanada, de maneira coordenada com o Planalto, possibilitando o avanço das ações da atual gestão, garantindo a troca de quadros anteriores por nomes alinhados com o presidente Lula.”
Silveira foi coordenador da equipe de transição na área de infraestrutura, e relator da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. Ele era o suplente do senador Antônio Anastasia, que deixou o Senado para assumir cadeira no Tribunal de Contas da União (TCU).