“Quem se adapta melhor, vive melhor”, diz o prefeito de Caruaru ao falar sobre política

Candidato à reeleição declarado, o prefeito de Caruaru, Rodrigo Pinheiro (PSDB), vai completar um ano de gestão nesta sexta-feira (31), dando ênfase à própria forma de governar, o “seu jeito”. Ele cita obras, transparência e diálogo como molas para o aumento de sua popularidade, mais de 70%. Pinheiro diz ter a própria marca, garante que vai criar o Plano de Cargos e Carreiras dos professores, avançar na valorização e acolhimento dos servidores e realizar o maior concurso público do município sem precisar ser acionado pelos órgãos de controle. Indagado se tem mais acessibilidade com a classe política do que Raquel, de quem foi vice por dois mandatos, Rodrigo justifica que ela ainda precisa de tempo e tem certeza que vai melhorar. “Quem se adapta melhor, vive melhor, então fica aí a dica”, afirmou, em entrevista à Folha de Pernambuco, onde foi recebido pelo Diretor Executivo da Folha de Pernambuco, Paulo Pugliesi, pela Diretora Administrativa do jornal, Mariana Costa e pela editora-geral, Leusa Santos.

DIÁLOGO COM OS PODERES
Através do diálogo, a gente consegue avançar e trabalhar de uma melhor forma com todos. Com o Poder Judiciário, a gente tem uma relação cordial e transparente e a gente tem a mesma relação com a Câmara de Vereadores. Sempre que precisamos discutir projetos importantes, a gente chama os vereadores. Existe, desde 2013, por exemplo, uma complicação jurídica, uma disfunção, uma inconformidade dos professores para com o Plano de Cargos e Carreiras (PCC) do município. E, desde 2013, nenhum prefeito quis discutir isso e botar para frente. Em menos de um ano de gestão, eu discuti com a categoria e com os sindicatos dos professores, com a própria Câmara, que vai aprovar. Já enviamos o PCC para a Câmara e está bem amadurecida essa discussão. Estou dialogando com todas as categorias e poderes. Conseguimos avançar muito na valorização do servidor com muitas ações, tanto de atualização de valores, como também de acolhimento, por exemplo. De forma inédita conseguimos fazer uma parceria com a Unimed de Caruaru e, hoje, o servidor público da prefeitura tem o acesso mais barato ao plano de saúde. O diálogo e a transparência são a marca da minha gestão.

RAQUEL LYRA
Ela começou bem, chamou todos os deputados, os prefeitos por regiões, a gente sabe que é difícil de atender a todos os municípios de uma vez só. Foi uma mudança de chave total. Há 16 anos, o PSB estava no poder e ela ainda está observando, vendo o que tem de estrutura financeira dentro do governo… Ela saiu de uma gestão aprovadíssima e por isso que ela é agora governadora e eu, com meu jeito, estou com aprovação que está aumentando nas ruas. Ela sabe como fazer, tanto ela foi deputada como foi executiva. A oportunidade que um ser humano tem de ser prefeito é uma experiência única. Eu tenho certeza que vai melhorar muito. Ela também está esperando definições do governo federal para tomar outras definições aqui no Estado. Não é fácil nem para ela, nem para Priscila, nem para os prefeitos. Do mesmo jeito foi quando a gente mudou essa chave, todo mundo quer a mudança do dia para a noite, mas com sabedoria, a população vai ter dias melhores com Raquel como governadora.

OBRIGAÇÃO DE SE ADAPTAR
Eu, enquanto vice-prefeito, atuava de um jeito. Acredito que atuei da melhor forma porque eu fui convidado de novo a ser vice-prefeito. A confiança é o fator principal para você ser indicado como vice, então, se foi renovada essa confiança, foi renovada a forma como eu fiz minha atuação como vice-prefeito. E claro, que, como vice-prefeito, a atuação é uma. Como prefeito é outra. Eu tenho obrigação de me adaptar às situações. Então, claro que os deputados passaram 16 anos com uma forma de agir do PSB. Se tem mudanças e todo mundo está vendo que tem mudanças, existe também a possibilidade de todo mundo se adaptar para todo mundo ser feliz. Com certeza, Raquel vai se adaptar, como está se adaptando. Ela não vai agir 100% como agia em Caruaru, como também tenho certeza, pela conversa que eu tenho com os deputados (que eles não agirão como antigamente). Entraram muitos deputados que foram prefeitos, como Joãozinho Tenório (Patriota), Izaías Régis (PSDB), o próprio presidente da Assembleia, Álvaro Porto (PSDB), foi prefeito. Com certeza são mudanças que a gente vai se adaptando. Quem se adapta melhor, vive melhor, então fica aí a dica.

JOÃO CAMPOS E PEDRO CAMPOS
Existe a questão da oposição e existe a questão da má educação. Graças a Deus eu não sou mal educado. João Campos é vice-presidente da Frente Nacional de Prefeitos, Coordenador do Nordeste, eu sou um dos vice-presidentes do G100, então, eu tenho obrigação de me dar bem, de me relacionar bem com João Campos, com Pedro Campos. Eu tirei fotos com muita gente lá, não foi só com eles. Tirei com o deputado federal Coronel Meira (PL), com Lula (PT), com Alckmin (PSB), tirei foto com todo mundo. A gente tem que ter essa obrigação, a gente tem que ter um bom relacionamento porque, no final, os problemas dos municípios são os mesmos, as fontes de recursos são as mesmas e a gente tem que conversar e dialogar. Hoje, a gente tem que tomar conta da gestão. A eleição é somente daqui a um ano e meio. Até lá, acontecem tantas coisas, como aconteceu essa chuva aí…

ESTRATÉGIA PARA 2024
A gente aprovou o Finisa (empréstimo junto à Caixa Econômica) no ano passado. Eu já estou com a possibilidade de pegar um financiamento e esse financiamento vai nos ajudar a fazer obras estruturadoras. Eu estou terminando algumas obras, existiam alguns problemas históricos que a gente vem resolvendo, como a Avenida Brasil. Quando caia uma garoa na avenida não passava mais nada, é um dos principais acessos de Caruaru. Estou resolvendo. O principal acesso do distrito industrial que dá para o Alto do Moura, estou fazendo…Esses investimentos em drenagem que viemos fazendo. O contrato da Parceria Pública Privada (PPP) que iniciou na minha gestão e daqui a um ano, 100% da cidade vai estar toda em LED. Isso é um ganho por questão da segurança. De infraestrutura, drenagem e saúde vamos ampliar os serviços. E outros problemas também, de cunho burocrático, que passam essa maior credibilidade e transparência para com o Poder Judiciário e o Ministério Público. Todo gestor tem contra si uma ação movida pelo Ministério Público, dizendo que tem que fazer concurso. Eu não tenho. Foi a primeira coisa que eu fiz foi abrir um concurso. E será o maior concurso da história pública de Caruaru. Faremos também o maior São João.

RECADO PARA OS ADVERSÁRIOS
A urna deu um recado. Em Pernambuco todo, teve muito recado. Falando de Caruaru, a gente tem vários grupos tradicionais que não tiveram êxito, tanto para federal como para estadual, então, a urna está dizendo alguma coisa. Eu sempre acompanhei João Lyra Neto nas entrevistas e um dia, no final de 2018, perguntaram se ele ia ser candidato e ele respondeu: ‘na política, chega um determinado tempo em que você para ou é parado pelo povo. Eu decidi parar’. Ele deu o recado.

CHUVAS
Recentemente, vivemos o quinto dia que mais choveu em Caruaru nos últimos 30 anos, o estrago foi mais próximo aos córregos e canais. Quando a gente entrou em 2017, Raquel prefeita e eu vice, dia 28 de maio, uma semana antes de iniciar o primeiro São João da gente, caiu uma chuva de 135 mm. É muita chuva. Foi no dia 28 e um dia todo chovendo. Essa chuva de sábado foi de 92 milímetros em cinco horas. Uma bomba. A gente vem enfrentando isso aí, Raquel fez e eu fiz mais forte ainda na atualização do plano diretor.

GOVERNO NAS RUAS
Na hora que começou a chover (18), eu fui para a rua, levei os secretários para as ruas. No domingo de manhã (19), eu já estava fazendo obras, limpando o lixo, e ainda fiz o decreto de emergência também no domingo. Ontem, me reuni de novo com os secretários para fazer um balanço de tudo que foi feito. De imediato, eu disse: o imóvel que foi impactado ou teve parte demolida, é para começar a demolir. Por conta do decreto emergencial, enviei uma lei para a Câmara e eles já aprovaram. Em situações de emergência, a gente incrementou o auxílio-aluguel em 100%. Ninguém fica na rua não. Foram impactadas quase 200 famílias, dessas 200, 74 tiveram que sair dos imóveis (não necessariamente eles serão demolidos). É nítido que os investimentos que a gente fez ajudam a amenizar. A gente não teve nenhuma morte, nenhum desaparecido. Defesa Civil foi para a rua, Secretaria de Desenvolvimento Social foi para a rua e já tem mapeados os pontos críticos. A manutenção é constante, é diária, mas a gente tem, neste momento, obras em execução de mais trechos de canais. Onde há obras de canais avançados, a gente não teve nenhum registro de água. Precisa de planejamento, precisa de dinheiro, é muito cara obra de infraestrutura, mas estamos executando saneamento e drenagem.

OS TRÊS MESES DE MUDANÇAS
Quanto ao Governo do Estado, a gente tem esse contato entre instituições, Raquel governadora e eu como prefeito. Só a melhora no diálogo já é um grande avanço. A gente entende que Raquel pegou o Estado numa situação que não é fácil, precisa de recursos, ela já está atrás de recursos. Com o governo federal, a gente teve o primeiro encontro da Frente Nacional de Prefeitos, e foram convidados boa parte dos principais ministérios: Saúde, Educação, Integração, o vice-presidente Alckmin foi, Lula foi, a conversa avançou no sentido de dialogar e atender aos prefeitos e às cidades. Para o início da gestão, é uma sinalização importante, mas a gente tem que ver na prática.

Até agora ele fez alguns anúncios que na prática aconteceram, como o incremento no valor da merenda escolar, a gente já recebeu, no depósito deste mês, o incremento de 40% a mais do que vinha, era R$ 0,36 por aluno e passou para R$ 0,50. Ele anunciou também o aumento no valor do transporte escolar, que está muito defasado, falando ontem da âncora fiscal que vai substituir o teto de gastos e melhorar os repasses para saúde e educação.

Eles têm que dar a segurança para os municípios de que a gente não vai perder receita. Existe uma pressão muito grande dos prefeitos e dos parlamentares e não tem nada definido. Haddad fala, de forma muito interessante, mas temos que ver na prática se não teremos perdas de receita. O ônus é muito grande para os municípios.

MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO
O que estamos pedindo ao Ministério da Integração, para recompor, já passou de R$ 8,5 milhões. Eu estou falando de recomposição daquilo que foi destruído, de calçamento destruído, passagem molhada, não de obra estruturadora, mas acredito que vai passar de R$ 10 milhões. E a gente tem que bater lá depois, no Ministério, e fazer como todo prefeito faz, andar de cuia na mão. Não é automático.

CARUARU NO GOVERNO DO ESTADO
Tem gente de Caruaru no primeiro, no segundo e no terceiro escalão. Toda hora está saindo gente de Caruaru para fazer parte da gestão do Governo do Estado. Para mim está ótimo, mas, para a classe política, a turma está achando ruim porque não faz a indicação política, mas, para mim, está tudo certo. Tudinho já trabalhou comigo. Túlio, da Casa Civil, foi secretário com Raquel e comigo. Rubens Júnior, Simone, da Fazenda, Carol, da Assistência Social, isso é tudo do primeiro escalão, mas o segundo escalão tem muita gente. Isso facilita o acesso e o diálogo. Como a gente já sabe o ponto fraco e o ponto forte de cada um, já sabe o que cobrar e a quem. Todos têm um carinho especial por Caruaru.

REELEIÇÃO
Sou candidato à reeleição. Com certeza, com certeza (a governadora vai nos apoiar). Estamos chegando a um ano de gestão, uma gestão aprovada. Fizemos uma pesquisa mais profunda e detalhada e a população vem apoiando a gestão. A aprovação nossa está em 71,5%. Não foi fácil assumir como eu assumi, porque Raquel vinha de uma gestão muito boa, tanto que a elegeu como governadora. A gente assumiu uma condição boa, mas com muitos desafios, saindo da pandemia, voltando o São João, com muitas incertezas no meio político,mudança nos governos federal e estadual. Mas a economia está pujante e há muitos empreendimentos surgindo. Educação é o segundo pólo do Estado, que vem até de outros estados. Existem vários termômetros que Caruaru vai muito bem no desenvolvimento econômico e no quesito geração de emprego e renda. Acredito que tenha muita gente querendo ser nosso vice.

Folhape

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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