CPI do MST: relatório de Salles confirma criminalização do movimento

O relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do MST foi apresentado na manhã desta quinta-feira (21/9) pelo relator, deputado Ricardo Salles (PL-SP), ex-ministro do Meio Ambiente do governo de Jair Bolsonaro. Como se desenhava nas calorosas discussões durante o funcionamento da comissão, o texto criminaliza o movimento, pede o indiciamento de pessoas ligadas ao grupo e a parlamentares que defendem a causa dos sem-terra, bem como faz críticas ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

“Crimes graves têm sido cometidos, não apenas contra os produtores rurais, mas, também, contra os mais humildes integrantes desses grupos e movimentos de luta pela terra. Tais grupos, ao adotarem práticas ilegais e abusivas, muito mais se assemelham as facções criminosas do tráfico de drogas, constituindo verdadeiras facções sem-terra. Seus métodos, terminologias e estratégias muito se parecem com as do crime organizado. Restou claro que as diferentes facções, espalhadas por todo o território nacional, constituem uma verdadeira sopa de letrinhas, que tem no MST a sua face mais conhecida, mas que adotam outras nomenclaturas consoante as disputas políticas e financeiras que permeiam esses grupos”, diz Salles no seu relatório.

PEDIDO DE VISTA

Na reunião, foi pedido de vista pelos governistas, e o texto será votado semana que vem. Parlamentares da base criticaram o relatório.

“Como se sabia desde o início, essa CPI teve o propósito claro de criminalizar o movimento. Tenta passar uma narrativa própria da extrema direita, mas vamos derrotá-los”, disse a deputada Fernanda Melchionna (PSol-RS).

A deputada Sâmia Bonfim (PSol-SP), integrante da comissão, irá apresentar um voto em separado, com conteúdo bem distinto do relatório de Sallles.

As informações são do Correio Braziliense.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.