O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu, nesta quinta-feira (30), que haja uma “governança global” para as questões climáticas, com autonomia para tomar decisões sem passar pelos parlamentos dos países. Ele conversou com os jornalistas em Doha, no Catar, antes de embarcar para Dubai, onde participa da conferência climática COP28.
Ao deixar o hotel, ele foi questionado sobre se acreditava que os países ricos finalmente decidiriam liberar os US$ 100 bilhões anuais para compensar perdas climáticas em nações menos desenvolvidas, prometidos no Acordo de Paris.
“Eu não acredito… Eu sinceramente acho que é preciso que as lideranças políticas do mundo tomem decisões mais corajosas e mais rápidas” respondeu. “Nós precisamos ter uma governança global para ajudar a cuidar do planeta. Porque, se você toma uma decisão qualquer em benefício do mundo e ela tiver que votar internamente pelo seu Congresso Nacional, significa que ninguém vai cumprir”.
Lula justificou seu argumento dizendo que “até hoje os EUA não cumpriram o protocolo de Kyoto” e que “o Acordo de Paris não foi cumprido em quase nenhum lugar do mundo”.
“Então, se os governantes democratas querem continuar a ser acreditados pelo povo, é preciso que a gente comece a fazer as coisas que as pessoas estão achando que a gente deve fazer” afirmou. “A gente está vendo enchente onde não tinha, seca onde não tinha, furacão. A gente está vendo coisas acontecerem no planeta que não era esperado a há dez anos. E agora está acontecendo real. É só ver o que está acontecendo no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, no Amazonas’.
Faixa de Gaza
Lula se encontrou hoje com o emir do Catar, Hamad bin Khalifa Al Thani. Disse ter tratado com ele sobre investimentos em transição energética no Brasil e também em petróleo. Outro tema foi a liberação dos brasileiros retidos na Faixa de Gaza, em meio ao conflito entre Israel e o grupo terrorista Hamas.
“Agradeci ao emir do Catar pela liberação dos brasileiros na Faixa de Gaza. Ainda tem mais brasileiros por lá” disse.
O Globo