O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quinta-feira (17) que o ex-presidente Jair Bolsonaro “inventou” ser evangélico. A declaração ocorre em uma semana de acenos ao segmento religioso, majoritariamente ligado ao bolsonarismo.
Lula afirmou durante comício em Camaçari que Bolsonaro “não acredita em Deus” porque não se comporta como alguém com a crença religiosa. O candidato à prefeitura no município, Luiz Caetano, tem como vice uma pastora.
— A gente não pode cometer o erro de 2018, quando ao invés de votar no companheiro com a qualidade do Haddad, votou numa coisa, votou numa coisa que ninguém conhecia a não ser por contar mentira e pregar o ódio. Inventou ate que é evangélico. Ele não acredita em Deus e não acredita em Deus porque o comportamento dele é de quem não acredita — afirmou.
Pouco depois, Lula afirmou não ter medo de falar que era de esquerda porque “ninguém foi mais de esquerda do que Jesus Cristo”.
— Eu fico muito orgulhoso de ver o Caetano arrumar uma vice, uma mulher negra, uma pastora, é ainda mais extraordinário do que essa união de dois partidos de esquerda. A gente não tem medo de dizer que a gente é de esquerda porque ninguém foi mais de esquerda do que Jesus Cristo. Ninguém. Ninguém. Ninguém brigou mais pelo pobres do que Jesus Cristo. É exatamente por brigar pelos pobres, de cuidar dos doentes, de atender aos mais necessitados que os ricos da época mandaram crucificar Jesus Cristo, e não podemos esquecer isso.
Durante a semana, Lua sancionou a lei que cria o Dia da Música Gospel ao lado do deputado federal Otoni de Paula, aliado a Bolsonaro e ligado aos evangélicos.
O deputado foi acusado de traição política por líderes religiosos após orar por Lula e o elogiar em agenda no Planalto. Um dos que mais criticam Otoni de Paula é o fundador da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, pastor Silas Malafaia. O parlamentar, por sua vez, defende-se e diz ter cumprido sua função institucional.
Durante a solenidade com Lula na terça-feira, uma fala do deputado federal, particularmente, provocou a reação dos evangélicos — quando ele agradeceu o presidente por ter sancionado, em 2003, a Lei de Liberdade Religiosa.
— As igrejas e organizações religiosas passaram, graças ao senhor, ao sancionar aquela lei, a ter personalidade jurídica, fazendo correções jurídicas no Código Civil, permitindo que as igrejas deixassem de ser simples personalidades, como entidade de classe ou clubes de futebol. Assim, cada igreja passou a ter direito de fazer valer o seu próprio estatuto — disse Otoni.
Após a declaração, Lula alfinetou o parlamentar, destacando o reconhecimento de sua gestão.
— O deputado foi lá e fez uma declaração dizendo que não votou em mim, que muitos evangélicos não votaram em mim, mas que reconhece que tudo para os evangélicos foi feito por mim. Deu vontade de perguntar: se você reconhece isso, por que votou no Bolsonaro? — disse Lula nesta quinta-feira, em entrevista na Bahia.