Maurício Assuero, economista e professor
Eis que a maior cidade do Brasil chegou aos seus 461 anos (completados no último dia 25.01) revitalizada, mas profundamente abalada. Nunca “na história desse país” chegamos a ver a situação de São Paulo (estado e capital) tão caótica. O pior é que, como maior economia do Brasil, seu longo suplício afeta o resto do país. Penso, inicialmente, nos nordestinos que migraram para São Paulo fugindo da seca e agora estão de cara com o problema. Penso nas inúmeras empresas que necessitam de luz da produzir e a matriz energética desse país, calcada nas hidroelétricas) não podem atender. Penso nos inúmeros empregos perdidos com uma estiagem tão longo para um povo que, diferentemente, do nordestino não traz na pele as alternativas de vida para sobreviver na seca.
O tamanho da economia paulista cria naturalmente uma dependência de outros estados. É como o caso dos Estados Unidos em relação ao resto do mundo: quando a economia americana vai mal o resto do mundo sofre, quando vai bem, todo mundo vai bem. São Paulo é mais ou menos isso. A cidade de São Paulo tem uma população estimada em 12 milhões de habitantes com uma densidade demográfica de 7.398,26 hab/km2, Índice de Desenvolvimento Humano de 0,805e PIB per capita de R$ 43.894,63. São Paulo tem uma média de 2,39 veículos por pessoa (entenda-se só automóveis, ou seja, desconsidere moto, ônibus, etc.)
Em 2011 cinco estados brasileiros concentravam cerca de 65% do PIB nacional, a saber: São Paulo com 32,6%; Rio de Janeiro com 11,2%; Minas Gerais com 9,3%; Rio Grande do Sul com 6,4% e Paraná com 5,8%. De lá para cá a região sudeste continua liderando de foram absoluta a composição do PIB nacional, no entanto, o estado de São Paulo tem reduzido sua participação, apesar de continuar líder. Particularmente em 2014 o estado deve registrar sua pior performance no cenário nacional, como uma consequência direta dos efeitos da estiagem.
Nós, nordestinos, habituados de longa data aos efeitos da falta de chuva sabemos e sentimos na pele o que os paulistanos estão passando (e não apenas São Paulo, a situação da estiagem atinge também outros estados da região como Minas Gerais) e não tudo que se pode fazer neste instante é desejar que este martírio não se estenda por mais tempo porque no fim das contas que perderá somos nós. O êxodo de trabalhadores que buscaram oportunidades em São Paulo pode se inverter com o aumento do desemprego e o pior, se isto não se concretizar, temos o risco da favelização que gera distúrbios sociais de toda sorte, inclusive, violência.
Apesar do sentimento separatista de alguns paulistanos, apesar das opiniões xenofóbicas e humilhantes de alguns paulistanos em relação a nós nordestinos, estamos diante de uma experiência já vivida por nós e que de sã consciência não devemos desejar para ninguém. Por isso, devemos torcer, desejar, rezar, pedir aos céus que a situação se normalize rapidamente. É o momento de nos colocarmos de joelho e pedir, encarecidamente e com bastante fé, que São Pedro ajude São Paulo.