Do Blog da Folha
Polícia questionada pela oposição, uma morte em meio a uma operação da Polícia Federal e indagações às investigações. E no meio desse turbilhão, férias. Desde a semana passada, o secretário de Defesa Social, Alessandro Carvalho, está descansando em Petrolina, no Sertão do Estado. Só retorna na próxima quinta-feira (30).
Nesse período de ausência do secretário, a PF fez uma grande operação no Estado, a Turbulência, na qual quatro pessoas foram presas e uma estava foragida. Até aí, nada era da alçada do secretário. Até a tarde/noite do dia 22, quando o foragido apareceu. Ou melhor, foi encontrado morto num quarto de motel sem camisa, de calça jeans, meias brancas e uma toalha cobrindo parcialmente o rosto.
Paulo César de Barros Morato, que até um ano antes levava uma vida pacata em Tamandaré, transformou-se numa pessoa que movimentou milhões de reais em sua conta, é “testa de ferro” de um esquema que movimentou mais de R$ 600 milhões que irrigaram campanhas do PSB em 2010 e 2014.
O levantamento da cena em que Morato foi encontrado, aparentemente, não foi suficiente para o andamento das investigações. Tanto que a delegada responsável pelo caso, Gleide Ângelo, pediu análises mais profundas, inclusive, papiloscópicas, que, de acordo com os peritos criminais, é fundamental para que qualquer caso seja desvendado.
Mas quando os peritos chegaram para fazer os levantamentos suplementares, uma contraordem suspendeu o trabalho.
Nada contra. Férias são fundamentais para todo trabalhador. Para recarregar baterias, realinhar ideias… Mas diante de tudo, o secretário não poderia estar ausente das funções enquanto o episódio não fosse totalmente esclarecido.
Fica esquisito ver a foto de uma coletiva em que aparece até o superintendente da Polícia Federal do Estado, Marcello Diniz Cordeiro, e não o representante maior da segurança no Estado.
Ele tinha de estar, até para responder a eventuais questionamentos. Fechar as pontas de qualquer dúvida aberta após a morte. E, por fim, dar respaldo à investigação, contestada pelo Sindicato dos Policiais Civis de Pernambuco (Sinpol) e pelos deputados de oposição.
NOTA DA SDS
A Secretaria de Defesa Social enviou nota ao Blog da Folha em que justifica o ofício enviado pela delegada responsável pelo caso, Gleide Ângelo, solicitando nova perícia. Leia a nota>
Em entrevista coletiva realizada nesta segunda-feira (27/06), a Secretaria de Defesa Social de Pernambuco – SDS – apresentou todos os procedimentos adotados após a localização do corpo do empresário Paulo César Morato, quarta-feira (22/06), em um motel na Região Metropolitana do Recife. O morto era procurado pela Polícia Federal, por suas supostas ligações com crimes de corrupção investigados pela Operação Turbulência, da PF.
Com relação ao cancelamento de uma segunda perícia, na quinta (23/06), foi explicado aos presentes que a decisão foi tomada tendo em vista que todo o material que interessava às investigações foi recolhido na noite anterior, tanto que o local foi liberado pela perita Vanja Coelho, que, com 36 anos de carreira, avaliou que nada mais poderia ser anexado ao processo.
O resultado final dos exames no corpo de Paulo César Morato deve ser conhecido, no máximo, até a quinta-feira (30), quando será amplamente divulgado à imprensa. Presente à coletiva, o superintendente da Polícia Federal em Pernambuco, Marcelo Cordeiro Diniz, comentou que confia plenamente no trabalho da Polícia Civil no sentido de identificar a causa da morte, mas destacou ainda que seja como for isso não altera em nada o desenrolar da Operação Turbulência.
Centro Integrado de Comunuicação – Cicom/SDS