Pedro Augusto
Do último mês de janeiro até a manhã da quinta-feira (10), Caruaru encontrava-se a cinco registros de bater o seu recorde de CVLIs (Crimes Violentos Letais e Intencionais) contabilizados em uma única temporada. Se ao término de 2015 haviam sido computados 202 homicídios – maior soma observada – até o intervalo citado 197 pessoas tinham sido assassinadas na cidade. Apesar de o último montante não ser confirmado pela Secretaria de Defesa Social, haja vista que ela só disponibiliza dados oficiais 15 dias após o término de cada mês, o quantitativo identificado pelos principais veículos de comunicação locais escancara ainda mais a difícil realidade em que atualmente se encontra o sistema de segurança da Capital do Agreste.
Para se ter ideia, em menos de uma semana, quatro pessoas foram mortas em comunidades distintas do município. Somente na última sexta-feira (4), duas vítimas fatais acabaram sendo contabilizadas na zona urbana. A primeira delas atendia pelo nome de Weverton Sandro da Silva, de 17 anos. De acordo com informações repassadas por familiares, o adolescente estava conduzindo, à tarde, a motocicleta Honda Biz de cor vermelha e placa POF-2347, quando teria sido executado com cinco disparos de arma de fogo, já na Travessa da Prosperidade, no Bairro do Salgado. O detalhe é que poucos dias antes de sua morte, Weverton tinha chorado o assassinato de seu irmão gêmeo, Wemerson Sandro da Silva.
Poucas horas depois, já à noite, o autônomo Jamerson Saulo Alves Simplício, de 26 anos, foi morto a tiros na Rua 7, no Conjunto Residencial Morada Nova, imediações do Bairro Rendeiras. De acordo com informações repassadas pela Polícia Militar, a vítima estava trafegando a pé, quando teria sido surpreendida com a chegada de dois criminosos em uma motocicleta. Na tentativa de fuga, ele acabou sendo alvejado com cinco disparos, sendo três na cabeça, um no ombro esquerdo e outro no tórax. Jamerson havia se casado um dia antes de ser morto. Seu corpo foi encaminhado para o Instituto de Medicina Legal de Caruaru.
Na noite do último sábado (5), o comerciante Sebastião José dos Santos Filho, o “Tião”, de 51 anos, foi assassinado no Parque 18 de Maio, no Centro. De acordo com o levantamento cadavérico do Instituto de Criminalística, a vítima teria sido morta a facadas, já que apresentava perfurações no pescoço e no tórax. O comerciante, segundo também o trabalho do IC, teria entrado em atrito e atingido o executor com uma barra de ferro que se encontrava próxima ao seu cadáver. O irmão de Sebastião, Ivanildo dos Santos, acredita que ele foi atraído até ao local. “Ele recebeu um telefonema dizendo que as suas lanchonetes tinham pegado fogo e quando chegou por lá teve os seus pertences roubados. Acho que foi latrocínio (assalto seguido de morte)”.
Já no início da tarde da última quarta-feira (9), o corpo de um homem totalmente carbonizado foi encontrado em uma rua próxima ao Hospital Mestre Vitalino, no Bairro Luiz Gonzaga. De acordo com informações repassadas pela Polícia Civil, a vítima teria sido morta na noite anterior. Como não portava documentos, bem como estava irreconhecível, o homem não havia sido identificado até o fechamento desta matéria. Ele pesava aproximadamente 70 quilos e media entre 1 metro e 65 a 1 metro e 70 de altura. Seu corpo foi encaminhado para o IML do Recife.
“Civil está fazendo o seu papel”, diz delegado
Ciente da situação alarmante em que se encontra a cidade, o titular do Núcleo de Homicídios de Caruaru, delegado Bruno Vital, ressaltou o que a Polícia Civil tem feito para tentar inibir essa onda crescente de criminalidade. “Como polícia judiciária, a Civil vem fazendo a sua parte investigando os homicídios que têm ocorrido e obtendo uma elucidação alta em relação aos mesmos. No ano passado, por exemplo, conseguimos alcançar 62% no tocante à resolução dos casos, ou seja, obtivemos sucesso na apuração, na conclusão e na prisão dos suspeitos.”
“Apesar de neste ano estarmos observando números um pouco maiores em relação a 2015, nosso trabalho vem sendo intensificado, inclusive, chegamos a desarticular nos últimos meses pelos menos duas quadrilhas que estavam atuando na cidade e região com a prática de homicídios e demais crimes. O assunto é complexo, até porque envolve vários outros fatores, a exemplo do tráfico de drogas, mas reiteramos que a Polícia Civil tem feito o seu papel para cessar essa onda de assassinatos que vem ocorrendo em Caruaru”, concluiu Bruno Vital.