Para o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), as recentes chacinas que ocorreram em presídios nos estados do Amazonas e de Roraima mostram que o governo de Michel Temer (PMDB) tem sido “omisso” com o problema da segurança pública no Brasil. Segundo o parlamentar, Temer e seus assessores tentaram se eximir da responsabilidade sobre o caso e tentaram culpar as próprias vítimas pelo “banho de sangue” que teve repercussão internacional.
“A gente sabe com que tipo de governo a gente está lidando por quem faz parte dele. Mesmo após toda essa barbárie, o secretário de Juventude nomeado por Temer foi aos jornais para defender que tinha que acontecer ‘uma chacina por semana’. Foram 93 mortos em seis dias. É com a pregação este discurso de ódio, que só gera mais violência e que não respeita nem mesmo a dor das famílias das pessoas assassinadas, que este governo que aí está quer disfarçar a sua responsabilidade sobre estas chacinas”, afirmou Humberto. As declarações do secretário nacional de Juventude, Bruno Júlio (PMDB), geraram repercussão negativa e o assessor peemedebista acabou demitido nesta sexta-feira (06).
O senador também classificou como “irresponsável” o fato de Temer ter negado o pedido de socorro do governo de Roraima para controlar rebeliões e briga entre facções. O pedido havia sido feito em novembro de 2016. Na madrugada desta sexta-feira (6), 33 detentos morreram assassinados dentro da Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, no estado.
Dias antes, no Amazonas, outros 60 presos foram mortos no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj). Esta foi a maior chacina em número de vítimas desde o massacre do Carandiru, em São Paulo, em 1992, quando em uma ação da polícia mais de 100 detentos acabaram assassinados. A matança em Roraima segue na sequência como o terceiro maior episódio desse tipo no País.
“Temer perdeu o controle sobre a questão da segurança pública no Brasil. É impensável que depois do que ocorreu no Amazonas, o governo Temer não tenha tomado as providências necessárias para conter a situação em outras localidades. Foram duas chacinas em menos de uma semana, em um episódio brutal e que repercutiu no mundo inteiro”, afirmou o senador.
Para Humberto,a resposta do governo peemedebista ao massacre nos presídios, além de “descabida”, foi lenta e insuficiente. “Durante os três dias que sucederam à primeira tragédia, o que se ouviu foi um silêncio sepulcral de Temer. Só depois de muita pressão é que finalmente ele decidiu falar sobre o massacre e mesmo assim para classificar a chacina como ‘acidente’. Uma fala infeliz e, mais uma vez, irresponsável. Assim como as medidas anunciadas pelo governo para solucionar o problema: uma compilação de projetos requentados e que não chegam a resolver em nenhum dos aspectos os problemas dos presídios brasileiros. ”, afirmou.
O senador também fez questão de ressaltar que foi no governo do PT que foi criado o Sistema Penitenciário Federal, que tem como função isolar criminosos de alta periculosidade em estabelecimentos de segurança máxima. “A gente sabe que o problema da superlotação nos presídios é estrutural e que não vem de agora, mas foi com Lula e depois com Dilma que a situação começou a ser enfrentada. Já existem cinco penitenciárias federais e tem uma em processo de construção. Não é o suficiente, mas é a prova de que os governos do PT estavam buscando lidar com a situação, apresentar uma resposta, coisa que Temer mostrou, mais uma vez, que não tem competência para fazer”, avaliou o senador.