Vivemos em uma sociedade onde o culto ao corpo é um aspecto bastante reforçado pela grande mídia, fazendo com que muitas pessoas se sintam descontentes com sua imagem, podendo até mesmo chegar a extremos em busca do que, em sua concepção, seria um “corpo perfeito”. No caso de adolescentes, esse pode ser um problema sério, ao considerarmos que estão em fase de mudanças corporais e que determinadas atitudes e escolhas podem influenciar negativamente este processo.
Um destes caminhos é o uso de anabolizantes, principalmente por garotos, guiados pela ideia de ter um corpo musculoso. Tais substâncias são produtos sintéticos semelhantes à testosterona, que provocam o ganho muscular por meio da retenção de íons e água. Estes produtos são recomendados para aqueles que apresentam um quadro de deficiência deste hormônio, reposição muscular após rompimento de tendões, dentre outros casos sob aval médico.
Entretanto, seu uso tem sido feito sem prescrição e de forma contínua. Assim, podem provocar nestes indivíduos uma gama de complicações, como problemas renais e hepáticos, rigidez muscular (que pode aumentar fraturas espontâneas), hipertrofia cardíaca, aumento da pressão arterial e maiores riscos de sofrer infarto do miocárdio e de cânceres. Além disso, o usuário está sujeito a sofrer de atrofia testicular, esterilidade e impotência, pela diminuição dos hormônios que estimulam a produção de testosterona (FSH e LH). Muitas vezes utilizado concomitantemente aos anabolizantes, suplementos alimentares ricos em proteína podem provocar a sobrecarga dos rins, e gerar quadros de carência nutricional, caso não seja adotada uma dieta equilibrada.
Considerando a gravidade do uso destes produtos – inclusive com grande incidência de jovens recorrendo àqueles direcionados a grandes animais, como bovinos -, é importante que o professor aborde esta temática em sala de aula. Este momento pode ser compartilhado entre os professores de Química e Biologia, cada um abordando aspectos relacionados à sua área. Pode ser interessante que, antes da atividade, sejam listadas as principais dúvidas e concepções de seus alunos, para direcionar melhor este momento.
Alguns dados sugerem também que os esteróides anabólicos interferem no funcionamento do sistema imunológico. Pode ocorrer um tipo de privação (semelhante à privação de álcool e ou de narcóticos), assim como uma síndrome de dependência (vício) que dificulta a interrupção do uso. Frequentemente são divulgados estudos sobre o tema, porém o mecanismo preciso da ação dos esteróides continua obscuro. Dessa forma, a administração dos androgênios só pode ser realizada com a recomendação de um médico especialista. E ponto final.
Os esteróides anabólicos continuam provocando sérios problemas para a saúde dos usuários. Um exemplo de famosos que quase perdeu a vida em consequências desses problemas é o cantor Netinho. Como se tem notícia, a causa do sério quadro que ele apresentou estava relacionado ao fígado. O efeito de doses continuadas de esteróides é devastador sobre este órgão. O agravante é que a lesão hepática que ocorre é irreversível. Ou seja, mesmo controlada, vai se instalar uma perda da função hepática. O perigo do uso de anabolizantes não se restringe ao fígado, existem vários outros efeitos colaterais decorrentes. Podemos dizer que o preço por ganhar músculos é altíssimo, e a relação de danos
para a saúde é uma lista tenebrosa:
– Aumento significativo da incidência de tumores, principalmente no fígado;
– Elevação severa do colesterol ruim (LDL) e redução do colesterol bom (HDL) (este efeito aumenta a incidência de obstrução de artérias, provocando, inclusive, casos de infarto do miocárdio em indivíduos jovens);
– Efeitos de alteração do comportamento, com tendência a potencializar a agressividade, podendo até mesmo provocar surtos psicóticos;
– Alterações epidérmicas exacerbadas, com elevada incidência de acne, o que acaba quase “denunciando” o usuário.
O que o usuário do sexo masculino talvez não saiba e não valorize porque os sintomas ficam camuflados, é o efeito dos esteróides na função reprodutora masculina. O uso do hormônio diminui a produção de espermatozoides, podendo, até mesmo, causar esterilidade. No balanço entre benefícios e prejuízos dos esteróides, pode-se dizer que a eventual melhora de estética perde de longe para os prejuízos para a saúde. Existe também uma frase que ilustra este quadro: os esteróides aumentam os músculos e entopem as coronárias!
O que são exatamente
O esteróide anabolizante é uma droga formada por testosterona ou que produz os hormônios por ela fabricados. São chamados de “esteroides” por conta de sua formação química: eles são ésteres, onde o radical primário é uma molécula de colesterol. “Anabolizante” é um termo popular e genérico que designa essas drogas. Porém, em vocabulário científico, qualquer substância que aumente a incorporação de massa no corpo pode ser considerada um “anabolizante”. “Nosso organismo é regido tanto pelo anabolismo (ganho de massa), quanto pelo catabolismo (perda de massa)”, explica Paulo Zogaib, médico de esporte e fisiologista do exercício da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Mercado negro
Mesmo em casos de reais indicações farmacológicas, apenas um médico pode prescrever os anabolizantes. Isso dificulta o acesso dos demais possíveis usuários, já que a venda é controlada pelos órgãos reguladores, fazendo com que muitas vezes se recorra a formas paralelas de obter o produto. Nesses casos, os riscos são ainda maiores, pois não há garantias de que o medicamento adquirido atenda às condições adequadas de segurança e higiene. E o pior: não há como se comprovar que o medicamento adquirido tenha mesmo os esteroides prometidos em sua composição.
Fontes: http://educador.brasilescola.uol.com.br / http://www.suacorrida.com.br/
http://revistavivasaude.uol.com.br