Por Claudio Felisoni de Angelo
Certamente, mais difícil do que atrair um cliente, é mantê-lo ativo como consumidor. Ele pode ter a sua atenção capturada por mera obra do acaso. Uma situação ou um fato (e até mesmo algo muitas vezes sequer planejado) pode fazer com que um indivíduo entre em uma loja, seja ela física ou virtual.
Porém, não se pode dizer o mesmo da fidelidade desse comprador. Esta tem que ser construída a partir da experiência por ele vivenciada. É o percurso definido por todas as etapas do processo de aquisição que vai sedimentar a sua percepção a respeito da operação, dos produtos ou dos serviços oferecidos.
Muitos são os atributos avaliados explícita ou tacitamente. O preço é, sem dúvida, um aspecto essencial. Entretanto, por ser óbvio, não é o único. Ao adquirir um item, o consumidor faz uma avaliação, ainda que subjetiva, dos benefícios e dos custos incorridos. E quando o primeiro excede o segundo (e em certa proporção que o indivíduo considere apropriada), a tendência é que se fortaleça a possibilidade da recorrência da compra.
Ocorre que os atributos mais visíveis, tais como o preço, são facilmente monitorados e seguidos pela concorrência. Assim sendo, a existência de diferenciais em relação a esses aspectos facilmente emulados não se constitui em fatores determinantes para a recorrência das compras. Ou seja: não se estabelecem como elementos sustentadores da fidelidade no ato da aquisição.
E não se sustentam, simplesmente, é porque não são elementos que colocam a empresa de modo permanente em um segmento razoavelmente protegido do mercado. A fidelidade depende, principalmente, dos fatores que produzem diferenças não facilmente mimetizadas. A maior fonte das possibilidades de obtenção dessas diferenças não repousa em um atributo específico, mas sim na combinação de um conjunto amplo de características.
A discussão sobre como transformar consumidores novos em clientes assíduos é, portanto, muito enriquecedora. Esse tema é particularmente instigante, principalmente ao considerar que as crianças nascidas nas últimas duas décadas são completamente diferentes das que vieram ao mundo antes da revolução digital. E a fidelização é justamente um dos grandes desafios do setor varejista na atualidade. Então, mãos à obra porque ainda há muito que se fazer neste sentido.