Mais uma vez, o Brasil fica fora do ranking anual das 50 Empresas Mais Inovadoras, desenvolvido pelo The Boston Consulting Group (BCG), com base nas respostas de 1.500 executivos de todo mundo. O ranking é apresentado no estudo The Most Innovative Companies2016, que também mostra que embora a inovação seja uma prioridade para 75% das empresas brasileiras, houve um declínio de 12% em relação ao ano anterior (85%).
Apesar da queda e de não apresentar empresas em destaque desde 2010, quando a Petrobrás foi incluída no ranking pela última vez, o Brasil acompanha algumas tendências globais de inovação, como o uso de ferramentas e fontes de dados para identificar oportunidades externas de inovação. De acordo com a pesquisa do BCG, enquanto a média global para uso de big data é de 55%, no Brasil 63% das companhias utilizam grande escala de dados. Contudo, apenas 47% das empresas brasileiras usam esses dados para fornecer insumos para inovar, enquanto no mundo a média para o uso dessas informações é de 57%.
Os principais dados utilizados pelas empresas brasileiras são os da própria companhia, como ganhos de receita e crescimento de mercado, adotados por 56% delas, e dados gerados por clientes ou por utilização de produtos – usados por 61% delas. “Com as mudanças cada vez mais rápidas de mercado, e pelo fato de a tecnologia ser um diferencial até para os setores mais tradicionais, se fechar para o que vem de fora pode ser fatal, afirma Andrew Taylor, sócio do BCG e coautor do relatório. “As companhias inovadoras de maior sucesso alcançam um balanço entre inovação interna e externa. Elas são eficientes para identificar as ideias externas e hábeis para trazê-las para dentro.”
O estudo do BCG aponta, ainda, que uma tendência não seguida pelo Brasil é o aumento de investimentos para inovação, que deverão receber atenção de 56% das empresas no País, um número baixo se comparado a outros países em desenvolvimento. Na China, por exemplo, 81% dos executivos devem intensificar seu aporte e 94% dos indianos pretendem elevar seus gastos para inovar. Mesmo neste cenário, as empresas brasileiras se veem tão inovadoras como seus pares de mercados em desenvolvimento.
Além das fontes internas e de inteligência competitiva, a cocriação, por meio da relação com parceiros e fornecedores, é um dos principais caminhos dos brasileiros para inovação. Ao redor do mundo, cerca de 45% das empresas realizam parcerias estratégicas com outras instituições, enquanto 54% das companhias brasileiras adotam essa estratégia. Já a inovação com apoio de fornecedores no Brasil mantém a média global de 40%.
O relatório também apresenta histórias de empresas que estão crescendo, como a Under Armour, que em sua primeira vez no ranking das 50 Mais Inovadoras ocupa a 22ª posição, em uma mistura de inovação interna e externa, gerando um retorno total de acionistas de 42,5% de 2011 até 2015. Também são mencionados os casos da Johnson & Johnson, em 29º lugar na lista, que se estrutura para reconhecer e recompensar a inovação na matéria de onde ela se origina; e da Brooks Automation, que usou a análise de inovação para identificar uma grande oportunidade de mercado adjacente, responsável agora por representar 20% da receita da empresa, oferecendo espaço significativo para crescer.
Com 34 companhias americanas, o ranking é composto por 68% de empresas da América do Norte, um crescimento de 24% em relação a 2013. O restante da lista é composto por 10 empresas da Europa e 6 da Ásia. Apple, Google, Tesla e Microsoft mantém os quatro primeiros lugares. Amazon sobe quatro posições, ocupando o quinto lugar, e Netflix e Facebook entram pela primeira vez no top 10.
“As líderes em inovação não se fecham para as oportunidades externas”, afirma Hadi Zablit, sócio do BCG e coautor do relatório. “Eles complementam meios tradicionais, como joint ventures, com abordagens mais recentes, como capital de risco corporativo e incubadora e, por meio de incentivos e liderança, promovem uma cultura com uma visão para fora”.