“Dou uma nota muito baixa ao governo Paulo Câmara”, critica senador

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A afirmação acima é do senador Armando Monteiro (PTB) que foi entrevistado esta semana pelo Jornal VANGUARDA. Cotado para ser um dos candidatos ao Palácio do Campo das Princesas, em 2018, o petebista criticou o governo Paulo Câmara (PSB) bem como comentou, dentre outros assuntos, a respeito do início de governo da prefeita de Caruaru, Raquel Lyra (PSDB).

Pedro Augusto

Jornal Vanguarda —- O senhor foi derrotado nas urnas para Paulo Câmara em 2014 e desde então vem dando sequência ao seu mandato no Senado. Se o senhor pudesse dar uma nota para o governo Câmara, qual seria ela e por quê?

Armando Monteiro – Independentemente do resultado de 2014, e fazendo uma análise que se centra apenas na avaliação dos resultados apresentados pelo governo, eu lamentavelmente não poderia deixar de dar uma nota muito baixa. Isso tudo decorre da constatação de que há uma sensação de que Pernambuco conduz mal as políticas públicas em áreas essenciais. Nós temos um quadro muito difícil na segurança pública, que vem se agravando mais e mais. As respostas do governo têm-se revelado respostas débeis. O quadro da saúde em Pernambuco é muito preocupante. Foi feito no Estado um ajuste fiscal e financeiro ao preço da supressão, eliminação e redução da oferta de serviços públicos essenciais, como, por exemplo, na área da saúde. Nós temos um problema sério de obras descontinuadas e obras que não foram sequer iniciadas. Vamos falar do Arco Metropolitano, vamos falar da frustração do Complexo de Itaquitinga, que até hoje essa questão não foi resolvida. Os BRTs, os corredores de ônibus. Obras hídricas importantes que não foram ainda concluídas. E uma sensação que existe hoje em Pernambuco de que, no plano nacional, o Estado perdeu o protagonismo. Veja que os projetos de Pernambuco não foram contemplados no elenco de projetos prioritários no PPI do Governo Federal. Então, há, por exemplo, projetos e ações na área hídrica que têm recebido aporte de recursos menor do que outros Estados da federação. Pernambuco também perdeu voz, perdeu peso no plano nacional. Infelizmente, faço esse registro e, em decorrência de tudo isso, dou uma nota muito baixa ao governo.

JV — Na última eleição para o Governo do Estado, o senhor acabou fechando coligação com o PT. Nesta próxima que se aproxima – em 2018 – os rumores são pelo menos até agora de que o seu partido, o PTB, não esteja no mesmo palanque do Partido dos Trabalhadores. O senhor vê com naturalidade essa migração para outras coligações?

AM – Eu vejo com naturalidade porque, de resto, os partidos devem ter absoluta liberdade de construir e de formar alianças em razão das circunstâncias que envolvem cada pleito. Eu tenho e tive uma aliança com o PT. Nós somos aliados no plano estadual porque somos partidos que estamos postados no campo de oposição. Não há nenhuma razão, a priori, para que a gente não possa estar juntos no futuro, mas nós não estamos limitados. O nosso campo de alianças não se limita a um único partido e numa única direção. Nós podemos sim, em função de um projeto e de uma agenda que venha a se definir, compor com outras forças que tenham compromisso de oferecer um projeto alternativo a Pernambuco. Porque esse projeto do PSB está esgotado. Então, quaisquer forças que possam se somar nesse processo, no sentido de que Pernambuco possa viabilizar um projeto alternativo, nós teremos no PTB liberdade para discutirmos, sem nenhum tipo de patrulhamento e sem exclusão, a priori, de nenhuma força.

JV — Em 2018, o senhor será um dos candidatos ao Palácio do Campo das Princesas?

AM – Se eu vier a ser convocado por setores e forças expressivas, e se essas forças entenderem que o meu nome aglutina, reúne e que pode, efetivamente, liderar essa frente, eu estou à disposição – se convocado for. No entanto, eu quero dizer que o compromisso maior que tenho nesse momento não é com uma candidatura e um projeto pessoal, mas eu tenho firmemente o compromisso de contribuir para que Pernambuco possa dar curso a um novo projeto para o Estado. Uma nova proposta político-administrativa. Um novo desenho para que Pernambuco assuma uma nova agenda no futuro, que seja, ao mesmo tempo, capaz de garantir que o Estado retome a sua posição de dinamismo e de liderança.

JV —- Caso o senhor seja candidato, qual será uma das principais bandeiras que serão levantadas durante a montagem de seu programa de governo?
AM – Evidentemente a bandeira central de qualquer proposta tem que ser a melhoria dos serviços públicos, qualificar os serviços públicos, que é isso que a cidadania exige. Serviços públicos de melhor qualidade, mais eficientes. E no plano econômico, estimular e poder fazer que Pernambuco seja um ambiente bom para que as empresas operem e seja um Estado que estimule, receba e atraia investimentos. Pernambuco tem uma vocação empreendedora e nós precisamos fazer a nossa economia cada vez mais pujante. Eu acho que qualquer proposta tem que aliar o compromisso de oferecer um ambiente econômico que garante o crescimento do Estado, em articulação com os programas federais, que garante investimentos estruturantes e prioritários na área de infraestrutura, e, ao mesmo tempo, que possa garantir maior eficiência na prestação dos serviços públicos essenciais.

JV — As articulações já foram iniciadas? Como está sendo esse processo de formação de alianças? O eleitor pernambucano poderá observar alguma surpresa quanto a sua coligação?

AM – Eu acho que nós não temos ainda à vista a definição de coligações nesse momento. Mas eu vejo com muita satisfação que existem forças que estão se descolando do campo governista, forças que eu hoje situo como independentes e que podem perfeitamente se somar para que possamos, juntos, construir esse projeto alternativo para o Estado. Com esses setores, eu me disponho a promover um diálogo permanente, sem personalismos estreitos e sem colocar os interesses estritamente político-partidários à frente.

JV —- De que forma o senhor está avaliando o início de governo da prefeita Raquel Lyra (PSDB) e como o seu mandato no Senado já está contribuindo para com a gestão municipal?
AM – Os sinais que a prefeita vem emitindo, que decorrem nessa fase menos de obras e mais de posturas administrativas que estão sendo reveladas, são muito auspiciosos. Sinaliza para uma gestão moderna, criativa, transformadora e creio que a prefeita vem se movimentando muito bem. E aqui em Brasília o nosso gabinete está à inteira disposição. Já tivemos a oportunidade de nos reunir com a prefeita. Recebemos a indicação das principais demandas e estaremos aqui não apenas contribuindo para destravar algumas liberações de convênios já celebrados anteriormente, como também de apresentar emendas de nossa autoria. Tanto emendas individuais como, evidentemente, até uma articulação junto à própria bancada, para que a gente possa ajudar viabilizar projetos importantes para Caruaru.

JV — Já existe conversações com o grupo Lyra para uma possível formação de aliança em 2018?

AM – Eu tenho dito que há um interlocutor importante nesse processo em Pernambuco que é o ex-governador João Lyra, que alia experiência e espírito público. É uma liderança madura, que tem uma compreensão histórica do processo de Pernambuco e com a qual venho permanentemente fazendo avaliações sobre o quadro local e, evidentemente, discutindo a perspectiva de construção de alianças para o futuro.

JV —- Quanto ao governo Temer, ele está se saindo pior do que a encomenda, o senhor visualiza pontos positivos a serem destacados?

AM – Há ainda dificuldades no plano político, que são notórias, mas nós temos indiscutivelmente que reconhecer que, na gestão da economia, o governo tem definido um rumo correto. Eu destaco pontos positivos porque acho que a gente precisa ter uma atitude construtiva. Alguns resultados começam a aparecer. E tudo indica que nós estamos criando condições para que a economia retome o crescimento. Para isso, nós estamos atuando aqui no Senado para ajudar essa agenda de recuperação da economia brasileira. E acho também que o governo tem revelado um compromisso muito firme com essa agenda de reformas que o País precisa promover. Devo reconhecer que o governo tem tido um bom diálogo com o Congresso Nacional.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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