Paixão de Cristo do Alto do Moura completa 10 anos

Por Jaciara Fernandes

Há dez anos a rotina dos artesãos do Alto do Moura é quebrada durante a Semana Santa. É que boa parte dos moradores deixa a arte do barro para se dedicar as artes cênicas, com a encenação da Paixão de Cristo, que este no acontece da Sexta-Feira da Paixão e Sábado de Aleluia (dias 14 e 15), sempre às 20h, numa estrutura de palco, som e iluminação montada da Praça do Artesão, com acesso livre para todo o público. Em, cena, 55 atores e figurantes, sendo quase 80% artesãos que nos últimos meses deixaram seus ateliês para representar um personagem bíblico com um único objetivo que é o de recontar história que mudou o destino na humanidade.

O espetáculo é uma demonstração de que os moradores do bairro que ficou famoso a partir do Mestre Vitalino não só têm o barro para mostrar o seu talento. A comunidade se une para mostrar o que sabem fazer também no palco. Criado há dez anos pela artesã Regilda Pereira, hoje com 87 anos, a Paixão de Cristo deu uma nova identidade aos moradores do Alto do Moura, distante 7 quilômetros do Centro da cidade. “Fui convidada pelo padre Everaldo Fernandes para fazer uma Via Sacra e ao conversar com meus netos eles acharam por bem que fosse criado um espetáculo, e foi assim que agora estamos completando uma década em cartaz, lembrou “Dona Regilda”, como gosta de ser chamada. Segundo ela, que já interpretou Maria, a mãe de Jesus, e que nos últimos anos opta por compor a figuração, nos primeiros anos do espetáculo o elenco principal contava com os netos dela, Carlos Gonzales, Jonnhy, Tiago (responsável pelo roteiro), Julianderson e Gilliard, que será o protagonista do espetáculo pelo sétimo ano e também assina a direção do espetáculo.

Nesta temporada, o talento se renova e dois bisnetos de “Dona Regilda” também vão atuar, Davi, de 7 anos, e Isaac, de apenas 3. Gilliard, o Jesus, é o pai das crianças e esposo de Maria Adelaide, que interpreta Maria pela primeira vez. “A emoção é tanta em ser a mãe de Jesus na peça que choro em todos os ensaios. A emoção toma conta de mim”, comentou entusiasmada a estreante. Para Gilliard viver Cristo exige uma preparação física e psicológica. “São necessários jejum e oração, pois existe todo um sacrifício e compromisso. No final ficam a alegria e a satisfação de ter reunido mais uma vez nossa comunidade para contar a história de fé move a humanidade”, pontuou.

A Paixão de Cristo do Alto do Moura tem duração de 1h30 e este ano está com novidades no cenário, novas cenas foram criadas bem como mais personagens. Os ensaios estão sendo realizado sempre à noite para não comprometer a produção dos artesãos. O espetáculo tem o apoio fundação da Fundação de Cultura e Turismo de Caruaru.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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