Por Maurício Assuero
A gente tem acompanhado a mudança de tendência na economia nos últimos meses dado que houve um ligeiro aumento no consumo e por dois meses seguidos o número de empregos gerados cresceu. Isso é bom porque é um indicativo positivo de que vamos começar a caminhar para o lado correto da vida. Sabemos que tais movimentos são ínfimos diante das necessidades do país e podem não ser permanentes, mas temos que comemorar afinal ao longo do tempo só tivemos problemas intensos.
Alguns setores industriais já falam com otimismo sobre aumento de produção, embora o volume de vendas não esteja no nível de cobertura de custos, mas o pior são os estoques indesejados, ou seja, aquela produção que não sai e que faz reduzir a produção do período seguinte. Tem algumas coisas que merecem ser comentadas. Uma delas é a redução da taxa de juros. Isso favorece o investimento por parte das empresas e incentiva o consumo por parte de pessoas físicas. A redução na SELIC tem impacto na taxa de captação que, por sua vez, serve de lastro para definir a taxa de empréstimos. Agora, a SELIC chegou num nível complicado porque descer ainda mais vai impactar as contas do governo, ou seja, o governo vai ter mais dificuldade em captar recursos para financiar a máquina.
Um dado que merece ser observado é que estamos no último trimestre do ano e temos a comemoração do dia 12/10 (crianças) que embora seja de um setor específico, tem uma tradição que contribui para o agregado econômico. Depois temos, em novembro, a primeira parcela do 13º e vejamos o ano com as comemorações de Natal e Ano Novo. Estes eventos podem impulsionar um pouco mais a economia sair do fundo do poço que se encontra.
O lado negativo do momento é a segunda denúncia contra o presidente. Na primeira, sabemos, os bilhões de reais comprometidos com emendas parlamentares se repercutiu num aumento de 12% no preço dos combustíveis. Na segunda, a fila de negociatas está um pouco maior e o governo está, abertamente, com o balcão de negociação em pleno funcionamento. Esse lado podre da economia não vai ser resolver em curto prazo e não sabemos o que virá. A realidade é que temos um presidente com aprovação de 3% da população que acha plausível se manter no cargo. Outro dado importante: Temer já sabe que será abandonado a partir de 2018 porque ninguém gostaria de ser apoiado por ele. Vamos nos inspirar em Moisés e tentar atravessar este mar.