Com o objetivo de garantir uma importante melhora no abastecimento hídrico do Agreste, o governador Paulo Câmara lançou, nesta terça-feira (17.10), o edital de licitação para a construção da Adutora de Serro Azul, que levará água da barragem Governador Eduardo Campos/Serro Azul, em Palmares, na Mata Sul, a 1,5 milhões de pessoas em Caruaru e outras nove cidades da região. A intervenção contará com um investimento total de R$ 213 milhões, com recursos provenientes do Governo do Estado e da Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa), captados através de financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). O empreendimento terá uma vazão de 500 litros de água por segundo, permitindo uma reversão da situação de uma área que, historicamente, apresenta a pior disponibilidade hídrica do Brasil.
“Nós estamos aproveitando a barragem de Serro Azul, que já teve a sua serventia na contenção de catástrofes agora no mês de julho com essas grandes chuvas. A barragem está cheia e pode ser utilizada para o abastecimento humano. Então, estamos dando lançando o edital hoje para a construção de uma adutora com 58km, que vai levar água até dez municípios do Agreste pernambucano. Uma obra de mais de R$ 200 milhões, e que vai levar uma condição hídrica que se juntará à estrutura que existe na Adutora do Agreste e em outras estruturas do Estado, para que nós tenhamos condições de, a cada movimento como esse, superar o grande déficit que nós temos em relação à quantidade de água disponível para essas pessoas. A Adutora de Serro Azul irá melhorar muito a questão da sustentabilidade hídrica desses municípios beneficiados”, destacou o governador Paulo Câmara.
O chefe do Executivo estadual ressaltou que a construção da Adutora de Serro Azul é um passo importante para resolver os problemas hídricos do Estado, mas que isso só será possível de forma eficaz com a finalização de todas as obras, como a Adutora do Agreste, que não vem recebendo os repasses devidos do Governo Federal nos últimos meses. “A gente só resolve o problema quando todas a Adutora do Agreste estiver pronta e quando todo o Ramal do Agreste der a capacidade de utilização plena do canal (da Transposição do Rio São Francisco). Nós não vamos descansar enquanto não tiver pronto. Eu tenho colocado isso em todos os fóruns que eu tenho participado sobre a questão dos canais. Pernambuco já deixou muito clara a sua posição de que não vai aceitar pagar nada pelo canal da transposição enquanto as obras não estiverem prontas, porque não é justo pagar por uma coisa que não existe ainda na torneira dos pernambucanos”, apontou Paulo.
Construída a partir da barragem de contenção Governador Eduardo Campos/Serro Azul, a obra consiste na implantação de 58 quilômetros de tubulações, quatro estações de bombeamento e um reservatório com capacidade para armazenar 4,5 mil metros cúbicos de água. A nova adutora será interligada à Adutora do Agreste na cidade de Bezerros, próximo a Encruzilhada de São João. Entre os municípios beneficiados estão Gravatá, Caruaru, Bezerros, São Caetano, Belo Jardim, Sanharó, Tacaimbó, São Bento do Una, Toritama e Santa Cruz do Capibaribe. A partir da assinatura da ordem de serviço, a Compesa tem o prazo de 15 meses para concluir a obra.
As outras alternativas encontradas pelo Governo de Pernambuco para atender a região Agreste durante esse período de dificuldade hídrica foram a Adutora do Moxotó, que será concluída em dezembro deste ano e levará água da Transposição até Arcoverde, e as Adutoras do Pirangi e do Siriji, que já foram já concluídas. Pirangí foi executada em ritmo emergencial (sete meses) para preservar a Barragem do Prata, em Bonito, enquanto a Adutora do Siriji já está abastecendo as cidades do Agreste Setentrional com água de Vicência, na Zona da Mata Norte.
O presidente em exercício da Compesa, Décio Padilha, detalhou que, com a interligação das obras da Adutora do Agreste e Serro Azul, o número de população beneficiada quase dobrará, atingindo também as pessoas que sofrem com o racionamento de água nos municípios do Agreste. “O sistema adutor de Serro Azul irá beneficiar diretamente 10 cidades. Nós temos duas contas aí, beneficiando 1,5 milhão de pessoas porque teremos sistemas interligados. A Adutora do Agreste e Serro Azul terão uma interligação, e nessa interligação iremos aproveitar trechos existentes em Gravatá e Belo Jardim. Com isso, a gente tem que fazer essa conta também de forma indireta, pois temos a população que tem acesso à água, porém sofre com um racionamento muito severo e vamos entrar com mais 500 litros por segundo nessa etapa”, destacou.
A prefeita de São Bento do Una, Débora Almeida, afirmou que a nova adutora, além de trazer mais dignidade à população, contribuirá também para o desenvolvimento agropecuário do município. “A produção do nosso município é agropecuária e depende muito da água. Então, é de fundamental importância a chegada de mais água vindo de Serro Azul, que foi construída para a contenção das cheias e que vai poder, agora, ser utilizada para levar água para as comunidades que precisam tanto desse subsídio”, disse, completando: “Eu acredito que água seja algo prioritário para o desenvolvimento social de qualquer região”.
Prefeito de Bezerros, Severino Otávio, revelou a sua satisfação em saber que, municípios que antes sofreram com a falta de água, poderão agora tranquilizar a sua população. “Quero apenas agradecer, em nome daqueles que sofreram o colapso de água como os municípios de Bezerros e Caruaru, e vários outros municípios que sofreram com a dificuldade de ter o pobre precisando comprar água e não poder comprar. Sabemos da dificuldade que é gerir um Estado, pois somos gestores dos municípios, já que sabemos que as dificuldades são proporcionais”, ressaltou.
BARRAGEM SERRO AZUL – Iniciada ainda na gestão do ex-governador Eduardo Campos e finalizada no Governo Paulo Câmara, a Barragem de Serro Azul foi concebida inicialmente para conter as águas do rio Una e assim evitar enchentes em cidades da Mata Sul. Diante da crise hídrica, motivada por sete anos consecutivos de seca na região Agreste, e por sua localização privilegiada, em área de alto índice pluviométrico, foi constatado que a barragem — que tem capacidade de acumular 303 milhões de metros cúbicos de água — poderia servir, também, ao abastecimento humano. A obra custou cerca de R$ 500 milhões.
Em 2016, a Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) aprovou o Projeto de Lei nº 962/2016, que deu a represa o nome do ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos, como forma de homenageá-lo pela visão social que permitiu vários avanços para o Estado.
Participaram da solenidade ainda os secretários estaduais João Campos (Chefe de Gabinete) e Marcelo Canuto (executivo da Casa Civil); o deputado federal Wolney Queiroz; os deputados estaduais Tony Gel e Laura Gomes; além dos prefeitos Hélio dos Terrenos (Belo Jardim), São Caetano (Jadiel Braga), Beta Cadengue (Brejão); o ex-prefeito de Belo Jardim, Cecílio Galvão; e o ex-vice-prefeito de Caruaru, Jorge Gomes. Estiveram presentes também o secretário geral da Compesa, Edson Cisneiros; o diretor de Articulação e Meio Ambiente da Compesa, Aldo Santos; o diretor técnico de Engenharia da Compesa, Rômulo Aurélio; e o diretor Regional do Interior da Compesa, Marconi Azevedo.