Três pontos se destacam na fotografia eleitoral do Agreste pernambucano neste momento, faltando menos de um mês para o início da campanha. Na região onde o ex-presidente Luiz Inácio Lula nasceu, os candidatos ao governo do estado pisam em areia movediça (os apoios que eles recebem dos prefeitos podem mudar a qualquer momento), os eleitores ainda estão desanimados com a política e será mais difícil levá-los às urnas. A avaliação foi feita por grande parte das lideranças ouvidas pela reportagem na segunda maior região eleitoral de Pernambuco. O diferencial pode ser o próprio Lula, caso ele seja realmente candidato. O Agreste tem 71 municípios, 1.692.811 eleitores, o que corresponde a 25,30% dos votantes do estado.
Treze prefeitos da região (18,30% do total) ajudaram o Diario de Pernambuco a construir o retrato da localidade nesse primeiro momento. Todos são lideranças ligadas ao PSB, ao PT e ao PTB, que pretendem lançar postulantes ao Palácio das Princesas: o governador Paulo Câmara, a vereadora Marília Arraes (PT) e o senador Armando Monteiro Neto (PTB). Os gestores municipais que falaram sobre o cenário eleitoral do Agreste foram os de Garanhuns e Caetés, Águas Belas, Cachoeirinha, Cupira, Jataúba, Jupi, Lagoa dos Gatos, Pesqueira, Saloá, Tacaimbó, Toritama e Limoeiro.
Pelas observações que fizeram, 55 prefeitos podem apoiar Paulo Câmara, 13 estão com Armando Monteiro, um com Marília Arraes, e dois aguardam uma definição mais clara do cenário político. Dos dez municípios mais populosos da região, os prefeitos dos cinco primeiros citados a seguir estão com Armando: Caruaru, Garanhuns, Santa Cruz do Capibaribe, Gravatá e Belo Jardim. Os outros cinco estão com o PSB: Pesqueira, Surubim, Bezerros, São Bento do Una, Buíque. (Veja no quadro acima, município por município, ou nos quadros abaixo)
Um observador, inclusive, fez a ponderação que a situação ainda é frágil, porque, em agosto, haverá muitas mudanças favoráveis à oposição, com dissidências e mudanças de lado. Marília Arraes ainda não foi confirmada como candidata pelo PT, ela é vista como “muito forte no Agreste” por lideranças ligadas a Paulo Câmara e a Armando.
Por outro lado, mais da metade dos prefeitos avaliou que, na região onde Lula nasceu, o eleitor está decepcionado com a política diante de tantas denúncias que misturam o joio e o trigo. Eles acreditam que o índice de abstenção será alto na eleição, porque sentem que a população está mais crítica, insatisfeita e intolerante. É um cenário, por incrível que pareça, mais áspero do que se percebe no Sertão estadual, onde a autoestima está mais alta e a política vem sendo discutida 24 horas. “Infelizmente as lideranças do Sertão são mais presentes e mais fortes”, desabafou um prefeito, pedindo reserva no nome.
Segundo a prefeita de Pesqueira, Maria José (PRP), devido à crise política e econômica do país, “a “população está revoltada”. “Muita gente está descrente, porque vê tanta coisa acontecendo. Temos políticos sérios, prefeitos sérios, mas a situação ficou difícil. Mas eu vou trabalhar na eleição e cumprir o meu papel, mostrar o benefício da política, porque se ficarmos pacatos e parados, como vamos ajudar a administrar nosso país? Todos os prefeitos têm que cumprir o seu papel”, declarou a prefeita, lembrando que a água está chegando na região, um motivo de comemoração.
O prefeito de Garanhuns, Izaías Régis, acredita que, em 2014, houve uma comoção muito grande com a morte do ex-governador Eduardo Campos (PSB) que encobriu os debates políticos no estado. “Esse ano, isso não acontecerá. Vamos mostrar que eles prometeram e não cumpriram os projetos. As oposições têm tudo para ganhar as eleições no Agreste. Ele (Paulo Câmara) fala o tempo todo em crise. A crise mostra se homem público tem ou não competência, se sabe ou não administrar. Teve uma época, não me lembro bem a data, instalavam poste na zona rural dizendo que ia ter iluminação. Depois da eleição, vieram e levaram os postes. O governo de Paulo Câmara fez isso”, declarou Izaías.
Do Diario de Pernambuco