Do Blog do Magno Martins
Um acordo fechado pelo senador Armando Monteiro Neto (PTB) com o ex-governador João Lyra Neto (PSDB), em apoio à candidata tucana à Prefeitura de Caruaru, Raquel Lyra, filha de João, pode resultar no arquivo do projeto do delegado Erick Lessa, do PR, de entrar disputa municipal com amplas chances de comer o cartão dos chamados políticos tradicionais. Na pesquisa do Instituto Opinião, o fato novo foi o próprio delegado, que apareceu com 14%, já empatado tecnicamente com Raquel.
Ao apoiar Raquel, Armando leva também, além do PTB, o PRB e o PTdoB, partidos que vinham dando sustentação à candidatura do delegado. Se isso ocorrer, isolado no seu próprio partido, o PR, Lessa ficaria com apenas 50 segundos de tempo para propaganda eleitoral no rádio e na televisão. Evidentemente, só teria chances se em torno dele houvesse manifestações populares espontâneas, capazes de transformá-lo num grande azarão.
Sem tempo de TV na propaganda, outro complicador tira o sono do delegado: as pressões do Governo e do PSB, junto à direção do PR, para rifar sua candidatura, anulando a convenção, convocada para 4 de agosto. O jogo é pesado e as informações levantadas ontem por este blogueiro se explicam pelo desejo de o PSB estadual fortalecer a candidatura de Jorge Gomes, apoiado pelo prefeito José Queiroz.
Pesquisas internas encomendadas pelo PSB indicam que o delegado, no páreo, tira mais votos de Jorge do que mesmo de Raquel e Tony Gel. Mas é um engano. Erick Lessa “rouba” votos de todos os candidatos, porque está presente em todos os segmentos da sociedade com a imagem impregnada de o novo, com um perfil que o eleitorado, desapontado com os políticos tradicionais, está desejoso como opção para votar.
Por isso mesmo, a ordem é apagar sua candidatura a todo custo. Com pressa, Raquel quer o anúncio de Armando à sua candidatura até amanhã. Já o Palácio coloca Sebastião Oliveira, presidente estadual do PR, no canto da parede. A ordem para rifar o delegado já foi dada e o PR tem quer cumprir, sob o risco de retaliações em outros municípios onde o partido está refém do apoio palaciano para eleger seus prefeitos.
SUSPEITA– O presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Gilmar Mendes, decidiu enviar para o Supremo Tribunal Federal indícios de irregularidade sobre uma fornecedora da campanha de 2014 da presidente afastada Dilma Rousseff – a DCO Informática Comércio e Serviços, que atuou no envio de mensagens durante as eleições e recebeu R$ 4,8 milhões pelo serviço. Mendes é relator da prestação de contas de campanha de Dilma, que foi aprovada pelo plenário do TSE no fim de 2014 com ressalvas, mas que continuam sob investigação no âmbito fiscal e criminal – na área penal, as suspeitas são de crimes fiscais, como sonegação e lavagem de dinheiro.