A pedido dos Estados Unidos, o Brasil vai ampliar sua produção de petróleo, para conter os sucessivos aumentos do preço do produto e garantir o abastecimento do mercado mundial. A informação foi dada ao jornal “Valor Econômico” pelo ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque.
O ministro disse ter conversado sobre o assunto com a secretária de energia dos EUA, Jennifer Granholm, por vídeo, na última quinta-feira (10). O apelo do governo americano foi feito em meio ao embargo ao petróleo da Rússia e às incertezas sobre os desdobramentos da guerra na Ucrânia, que está sob ataques de tropas russas há cerca de duas semanas.
Segundo Albuquerque, a secretária de energia ressaltou a necessidade de aumentar a produção de petróleo no mundo “o mais rápido possível”. Ele afirmou que os estoques de diesel nos EUA estão 20% abaixo da capacidade, enquanto os países árabes perderam 40% dos estoques.
“Os países que têm estoque, como EUA, Japão, Índia e outros, estão liberando. Mas também tem que ter o esforço de aumento da produção. Ela [Jennifer Granholm] me perguntou se o Brasil poderia fazer parte desse esforço e eu falei claro que pode. Já estamos aumentando a produção, enquanto a maioria dos países da OCDE, reduziu. Nós aumentamos nossa produção nos últimos três anos”, disse o ministro.
Embora a produção do pré-sal esteja em franco crescimento, o Brasil, em especial a Petrobras, que opera cerca de 93% da produção no Brasil, não consegue aumentar sua produção no curto prazo. Pelo contrário, a previsão da estatal é de queda na produção.
Em 2021, a produção da companhia foi de 2,77 milhões de barris de óleo equivalente por dia (MMboed), uma queda de 2,2% em relação ao ano anterior. Para 2022, a meta de produção deve ficar em torno de 2,6 milhões de barris, informou a estatal recentemente.
A redução na produção ocorre por diversas razões. Especialistas destacam o volume de paradas programadas das unidades, o que deve continuar ocorrendo, a venda de campos e a falta de investimentos em áreas do pós-sal para aumentar a produção.
Para o período de 2023 a 2026, o impacto médio estimado para a produção é uma redução de 0,1 MMboed, destacou a própria estatal em seu relatório de produção.
Além disso, a Petrobras tem, por contrato, que fornecer barris de petróleo a China nos próximos anos, com volumes que variam de 100 mil a 200 mil barris por dia como parte do pagamento de empréstimos contraídos nos últimos anos, destacou uma fonte do setor.
Por isso, apesar dos investimentos da estatal no pré-sal, aumentar a produção de petróleo no Brasil não será tão rápido. Esse ano, por exemplo, só deve entrar em operação uma nova unidade, a FPSO Guanabara, com capacidade para produzir até 180 mil barris de petróleo por dia.
Em 2023, o cenário melhora, pois há a previsão de entrada de cinco novas unidades. Atualmente, todas estão em construção. Quando estiveram prontas terão capacidade para produzir até 630 mil barris.
Porém, as unidades não produzem imediatamente a sua capacidade total, pois é preciso fazer a interligação dos poços às plataformas. Atualmente, a estatal tem ainda a previsão de construir ou afretar três unidades por ano entre 2024 e 2026.
Recentemente a estatal disse que o chamado “ramp-up” (conclusão) de uma plataforma ocorreu em menos de 13 meses.
O Globo