Um dia depois da aprovação do relatório que pede a cassação de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, o líder do Governo Dilma no Senado, Humberto Costa (PT-PE), afirmou que a base do presidente interino Michel Temer (PMDB) já demonstra medo com uma possível delação premiada a ser feita pelo deputado fluminense.
Segundo Humberto, o receio de que Cunha “caia atirando” – como noticiaram alguns veículos de imprensa – estremece o Palácio do Planalto e faz com que os parlamentares aliados à junta provisória no Senado queiram acelerar a votação do processo de afastamento da presidenta na Comissão Especial do Impeachment da Casa.
O senador lamentou, nesta quarta-feira (15), que integrantes do colegiado, de partidos alinhados ao “governo golpista”, não estejam fazendo questionamentos às testemunhas e que muitos estejam, inclusive, faltando à comissão para tentar apreciar a denúncia contra Dilma o mais rápido possível.
“Acho que há uma pressa incompreensível dos que formam a base do Governo interino de acabar com esse processo. Já ouvi até gente dizer: ‘antes que o Cunha delate, vamos tirar logo Dilma’. Parece-me que, talvez, exista um pouco esse espírito aí”, afirmou.
Humberto ressaltou que o presidente afastado da Câmara mandou avisar que não vai perdoar as traições sofridas e, se delatar, vai dizer tudo o que sabe. Para o senador, é bom que diga, pois o Brasil precisa saber de tudo o que ele tenha a contar.
“Não sei é por que Temer está com tanto receio, por que tem mandado emissários para pedir calma a Eduardo Cunha, segundo se comenta, por que está tentando proteger o ex-aliado com a finalidade de proteger a si mesmo e ao próprio governo interino”, observou.
O líder do Governo Dilma perguntou o que será que Cunha tem de tão sigiloso e sensível para exercer todo esse poder destrutivo sobre Temer e sua diminuta e interina gestão. “Por que Temer – tão corajoso para usurpar cargo que não é seu – treme com a possibilidade de que Cunha faça uma delação premiada?”, questionou.
Humberto cobrou que Temer responda ao país que medo é esse que tem do amigo de partido e o que ele sabe que os brasileiros não têm conhecimento. “Surpreenda-nos com essas informações antes que nós tomemos conhecimento delas pela delação premiada do seu amigo traído. Fale-nos sobre o que Vossa Excelência e Eduardo Cunha já fizeram juntos na vida”, disparou.
O senador avalia que as respostas serão suficientemente consistentes para dar um novo rumo ao país e ele crê que ocorrerão em breve, a tempo de restaurar a ordem democrática no país.
O parlamentar lembrou que Cunha só alcançou o auge do poder e agiu como um déspota porque foi apoiado por PSDB, DEM, Solidariedade, PPS e PMDB, “que lhe beijavam as mãos e lhe lambiam as botas, como cães obedientes que ladram em torno do dono para protegê-lo”.
“Desse séquito, também fazia parte Michel Temer, que sentiu o cheiro fétido que Cunha exalava e, juntamente com os partidos de oposição, enxergou nele o instrumento ideal para ser utilizado com a finalidade de golpear a presidenta da República e assumir o seu lugar”, registrou.