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O senador Aécio Neves (PSDB-MG) prestou na quinta-feira (26) depoimento no âmbito de inquérito que apura se ele recebeu propinas de empreiteiras, referentes às obras da hidrelétrica de Santo Antônio, em Rondônia. O tucano falou por cerca de três horas na sede da Polícia Federal, em Brasília, e negou ter obtido qualquer tipo de vantagem indevida.
A investigação foi aberta após o ex-presidente da Odebrecht Marcelo Odebrecht afirmar em sua delação premiada que acertou o repasse de R$ 50 milhões ao senador para que o consórcio integrado pela empreiteira e a Andrade Gutierrez fosse favorecido no empreendimento. Ele explicou que Aécio, ex-governador de Minas, tinha forte influência no setor energético, pois o estado controlava a Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais), uma das sócias de Santo Antônio.
A Odebrecht teria se comprometido com o repasse de R$ 30 milhões, e a Andrade, com R$ 20 milhões. As afirmações foram corroboradas por outros delatores da empreiteira. Parte do acerto teria sido feita por meio de depósitos numa conta bancária em Cingapura atribuída ao empresário Alexandre Accioly, amigo de Aécio e dono da rede de academias Bodytech.
Dois colaboradores da Andrade, Sérgio Andrade e Flávio Barra, confirmaram pagamento de propinas a Aécio por obras na usina. O repasse de R$ 35 milhões teria sido feito por meio de uma empresa de Accioly. O empresário nega envolvimento em ilicitudes.
A íntegra do depoimento não foi divulgada. Em nota, o advogado de Aécio, Alberto Zacharias Toron, disse que o senador prestou todos os esclarecimentos solicitados. “Por se tratar de empreendimento conduzido pelo governo federal à época, ao qual o senador e seu partido faziam oposição, não há nada que o vincule às investigações em andamento”, afirmou.
“A defesa reitera que os próprios delatores afirmaram em seus depoimentos que as contribuições feitas às campanhas do PSDB e do senador nunca estiveram associadas a qualquer contrapartida”, declarou.
O advogado acrescentou que o tucano pediu à PF que sejam identificados os beneficiários da conta bancária em Cingapura citada na investigação, “mostrando, assim, não ter ele qualquer relação com a mesma”.