Agrestina, cidade do interior pernambucano com uma curiosa e envolvente história política e religiosa, agora conta com um livro que retrata todo esse universo. O livro “Religião e Política na Terra da Mazuca: Discursos, práticas e palanques eleitorais (1960 – 1980)”, idealizado pelo agrestinense, professor, historiador, e mestre em Ciências Sociais pela Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), Jefferson Evânio, será lançado na próxima quarta-feira (16), às 17h30, com momento de autógrafos, no Mercado cultural de Agrestina. A entrada é franca e o uso de máscara obrigatório.
De acordo com o autor, a ideia de pesquisar religião e política nesta, que também é conhecida por “Terra da Mazuca”, tem duas motivações, teórica e pedagógica. Ele conta que, além do interesse científico pelo tema, se preocupa com a alfabetização política e histórica dos jovens estudantes. “A ideia foi produzir um trabalho que pudesse ser lido por qualquer pessoa, tanto pelo público especializado como por qualquer estudante ou pessoa curiosa”, disse.
Sessenta anos separam o leitor de um passado que ainda está muito vivo. O livro faz um passeio sobre aspectos como a constituição do catolicismo popular no interior, os elementos que mobilizam o discurso político e religioso para produzir identificação, como a presença do líder carismático, que produz afeto, o personalismo da nossa cultura, a relação de intimidade e proximidade do eleitor com o líder político, e muitos outros. A obra tem o objetivo de levar o leitor a se debruçar sobre essas memórias para fazê-lo compreender a origem de muitos processos que ainda são muito vivos. “O livro trata de populismo, mas não faz isso de forma pejorativa, afinal o populismo é um signo importante na história política do Brasil”, explica o autor.
O livro é fruto de dois anos de uma pesquisa rigorosa. Foram utilizadas fontes como anotações de líderes religiosos da época no livro de Tombo da Paróquia local, anotações presentes nas atas das sessões da Câmara de Vereadores envolvendo os membros das famílias Ribeiro e Guilherme, que protagonizam o embate político na cidade até os dias atuais, relatos referentes à Agrestina no jornal Diário de Pernambuco, dados do Tribunal Superior Eleitoral referentes à época, materiais estatísticos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), além de material iconográfico da Secretaria de Cultura e Turismo local e acervos particulares.
O autor explica que o leitor irá encontrar uma narrativa fluida, com as histórias sendo contadas pelos atores políticos e religiosos e um texto que diz muito não tão somente sobre um passado distante, mas também sobre o presente. “Eu diria que o leitor vai encontrar seu próprio presente no passado e vai se supreender”, afirma. O exemplar custa R$ 45,00 e estará à venda no dia do lançamento.