Os primeiros sinais de agravamento da epidemia do novo coronavírus começaram a aparecer na Alemanha, no momento em que o país inicia o desconfinamento e depois que a chanceler Angela Merkel expressou preocupação com um retorno muito rápido à normalidade.
O índice de infecção ou de reprodução, monitorado pelas autoridades, voltou a 1,0, de acordo com dados publicados na segunda-feira à noite pelo Instituto Robert Koch, responsável por acompanhar a evolução da pandemia no país.
Isto significa que cada enfermo contamina outra pessoa. O governo alemão e os virologistas sempre destacaram a importância de ter um índice inferior a um.
Esta é a primeira vez que o índice atinge 1,0 desde meados de abril, quando registrou o menor ponto, 0,7. Mas desde então iniciou uma trajetória de crescimento progressivo.
Além disso, a taxa de letalidade de casos da COVID-19 continua aumentando. Atualmente o índice é de 3,8%, segundo o instituto, o que significa que permanece inferior aos países vizinhos.
A Alemanha registra até o momento 156.337 casos e 5.913 mortes por COVID-19.
Se a tendência de alta persistir, os números podem complicar os esforços das autoridades para um retorno progressivo à normalidade, enquanto aumenta a impaciência entre a opinião pública.
O governo federal e as regiões alemãs têm a última palavra em temas de saúde e devem examinar na quinta-feira as próximas etapas do desconfinamento, antes do anúncio de uma decisão em 6 de maio.
Os dados parecem confirmar o temor de Angela Merkel, que defende uma linha mais firme e expressou preocupação ante a tentação de queimar etapas na retomada das atividades.
Mesmo com um índice de infecção a 1,1 “poderíamos chegar aos limites de nosso sistema de saúde em leitos de UTI até outubro”, advertiu Merkel recentemente.
“Com um índice em 1,2, alcançaríamos o limite em julho. E com 1,3, isto aconteceria em junho”, disse a chanceler.
A Alemanha começou a flexibilizar progressivamente em 20 de abril as medidas de restrições contra a pandemia, com a reabertura de alguns estabelecimentos comerciais e das escolas.
AFP