Antônio Campos critica coligação PSB-PCdoB

Folha de Pernambuco
Com seu nome consolidado para a disputa pela prefeitura de Olinda, o advogado Antônio Campos, irmão do ex-governador Eduardo Campos, faz uma análise sobre a situação atual da cidade histórica e opina, inclusive, sobre a composição da chapa do PSB para a eleição no Recife.
Qual a sua leitura sobre a atual realidade de Olinda?
 
Não exagero quando digo que em alguns trechos, é difícil não pensar que a cidade vive um cenário de guerra. O olindense sabe bem o que estou falando. Ele vive isso diariamente. Quando vai para o trabalho, no caminho para a escola dos filhos, quando volta para casa. O descaso das últimas gestões com os serviços básicos extrapola os limites da razoabilidade. Ao longo das últimas gestões que Luciana Santos e seu sucessor Renildo Calheiros ocuparam a prefeitura, a cidade sofreu muito. É inadmissível que uma comunidade tão apaixonada como a olindense seja submetida ao caos promovido pelos dois. O passado e o presente conduzidos pelo PCdoB podem até ter minado a esperança da população, mas eu tenho convicção de que o futuro vai ser melhor. É possível fazer diferente e mudar Olinda.
Mas existem responsáveis pela atual situação em que Olinda se encontra?
Claro. E a população sabe disto. Luciana Santos conhece Renildo Calheiros como ninguém. Foi ela quem o escolheu por duas vezes para ser candidato e prefeito de Olinda. Na primeira vez, a população confiou em Luciana. Na segunda vez, Luciana apoiou Renildo sabendo que ele era um prefeito ausente e que não se dedicava a cidade. Luciana convenceu mais de 20 partidos de que o apoio a Renildo era importante e que ele iria mudar o seu jeito de governar Olinda. Renildo não mudou o seu jeito de governar. E quem perdeu? A população de Olinda. E Luciana traiu os olindenses.
 
Mas o PSB, no Recife, não deve ter o PCdoB na vice?
É desconfortável ver o PCdoB na vice no Recife. Esta situação pode confundir o eleitor e favorecer nossos adversários, especialmente o PT, do qual o PCdoB foi o mais aguerrido aliado nacionalmente e está voltando a se fortalecer no cenário local. Ainda há tempo para uma reflexão por parte do PSB. O eleitor vai cobrar lado.
Diversos partidos da base do governo Paulo Câmara têm candidatos em Olinda, como o PMDB, Solidariedade e PSDB. Isto lhe preocupa?
Claro que não. O olindense não quer o passado e rejeita o presente oferecido pela atual gestão em Olinda. E neste momento político brasileiro, o eleitor deseja novos políticos e gestores que mostrem o que fazer e como fazer para a sua população.
Você acha que o fato de o PSB estar na mira de operações como a Lava Jato e a Turbulência podem atrapalhar sua campanha? Até o nome de Eduardo Campos foi citado.
Não. A lembrança que tenho do meu irmão é de um homem dedicado ao povo de Pernambuco e trabalhador. Eduardo doou sua vida às melhores causas de Pernambuco e do Brasil. Ele também ajudou Olinda. O seu jeito de governar era voltado para reduzir a grande dívida social que o País tem com os mais necessitados. Ele sabia que governos precisam transformar as realidades das pessoas e promover o bem-estar. Tenho certeza que, após a conclusão das investigações, a memória de Eduardo será absolvida, até porque não pode ser responsabilizado por atos de terceiros, que tenho convicção que ele não tinha conhecimento. Sou favorável que se esclareçam os fatos e que as investigações aconteçam, dentro do devido processo legal. Quanto a mim, embora tenha sempre acompanhado a luta política da minha família, só agora estou dando os primeiros passos na vida pública. Não participei do governo de Eduardo Campos e nem participo no de Paulo Câmara. Ante a ausência, agora, de Arraes e Eduardo, considero uma missão contribuir com o legado de uma família que faz política há 60 anos, em Pernambuco e no Brasil, e que só deve satisfação e agradecimento ao povo, a quem tudo devemos, inclusive nossa lealdade e trabalho.
E os questionamentos ao fato de você não morar em Olinda?
Essa me parece uma daquelas tentativas de se repetir uma mentira e fugir da real situação em que se encontra Olinda. Meu domicílio é em Olinda. Tenho residência no flat Quatro Rodas, escritório político no Amparo e realizo a Fliporto em Olinda há 6 anos, que é umas das principais atividades que exerço. Agora, também tenho um escritório de advocacia e um apartamento em Casa Forte.

Natural do Rio de Janeiro, é jornalista formado pela Favip. Desde 1990 é repórter do Jornal VANGUARDA, onde atua na editoria de política. Já foi correspondente do Jornal do Commercio, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo e Portal Terra.

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