Apesar da pressão do governo, BC deve manter Selic em 13,75%

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) começou ontem a terceira reunião do ano para definir a taxa básica de juros. Mesmo com as pressões do governo pela redução da taxa, a expectativa dos analistas é de que o órgão deve anunciar hoje a manutenção da Selic em 13,75% ao ano.

Embora tenha parado de subir em agosto do ano passado, a taxa está no nível mais alto desde o início de 2017, e os efeitos do aperto monetário são sentidos no encarecimento do crédito e na desaceleração da economia. Na segunda-feira, o presidente Luiz Inácio Luda da Silva, em cerimônia para comemorar o 1º de Maio, disse que a Selic é responsável pelo desemprego. Ontem, questionado por jornalistas, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, avaliou que o Copom poderia iniciar o processo de corte dos juros nesta semana.
No entanto, declarações recentes do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, deram a entender que o desejo da equipe econômica não deve se concretizar neste encontro. Os especialistas também apostam na manutenção dos juros.

“Esperamos que a Selic seja mantida, em razão da permanência da desancoragem das expectativas de inflação, do desvio em relação à meta, e da necessidade de consolidação do processo de desinflação”, destacou Sérgio Goldenstein, estrategista-chefe da Warren Rena. Segundo o economista, “a deterioração das expectativas de inflação e o desvio ainda elevado em relação à meta de inflação geram desconforto e afetam as projeções do BC”.

A projeção do mercado financeiro para a a inflação em 2023 voltou a subir pela quinta semana consecutiva, passando de 6,04% para 6,05%, segundo os dados do Relatório Focus, divulgados ontem pelo BC. Para 2024, a mediana para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) manteve-se em 4,18%. Para 2025, permaneceu em 4%.

A meta de inflação perseguida pelo BC é de 3,25% em 2023, e 3% em 2024 e 2025, sempre com margem de 1,5 ponto percentual, para cima ou para baixo. A mediana das estimativas para a taxa Selic manteve-se em 12,50% no fim de 2023, 10% no de 2024 e 9% em 2025.

Diretoria
Haddad sinalizou que a definição dos novos nomes para o comando do BC deve sair ainda nesta semana. Atualmente, há duas vagas para indicação do governo, nas diretorias de Política Monetária e de Fiscalização. Os mandatos dos atuais ocupantes terminaram em fevereiro e cabe ao presidente Lula, indicar os substitutos. Nos bastidores circulam os nomes de Rodolfo Fróes para o cargo de diretor de Política Monetária de Rodrigo Monteiro para a área de Fiscalização da autarquia.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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