Congresso em Foco
Um dia após o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso defender que o PSDB desembarque do governo de Michel Temer (PMDB), a direção paulista dos tucanos já se articula para a saída do partido da base aliada do peemedebista. O movimento deve começar no próximo final de semana, quando acontecem as convenções estaduais do partido.
Conforme informou o jornal O Globo desta segunda-feira (6), o presidente da sigla em São Paulo, Pedro Tobias, pretende encabeçar o movimento de desembarque logo após as eleições internas da legenda. A deia é convocar os outros dirigentes estaduais a se rebelarem contra o apoio a Temer. De acordo com a reportagem, o deputado Ricardo Tripoli, líder do partido na Câmara, engrossou o coro e pretende se movimentar em prol da saída do partido, que tem se dividido desde a primeira denúncia apresentada contra Temer na Câmara.
<< Veja a íntegra do artigo de FHC Em artigo publicado em jornais neste último domingo (5), FHC defendeu que PSDB deixe o apoio a Temer até dezembro, sob pena de ser confundido com a cúpula peemedebista e virar mero coadjuvante nas eleições de 2018. Para o tucano, o partido pagará um preço por ter se aliado a Temer e pelas acusações contra algumas de suas principais lideranças – ele evitou citar nomes como o do senador Aécio Neves, entre outros investigados. Na avaliação do ex-presidente, o PSDB pode apresentar um nome competitivo para 2018, mas antes precisa passar a limpo seu passado recente e renovar sua alma para não ser confundido com o “peemedebismo”. << Leia reportagem do jornal O Globo na íntegra Partido rachado Embora permaneça em cima do muro sobre o apoio ao governo Michel Temer, o PSDB vem dando sinais de que irão desfazer a aliança com o PMDB desde maio, quando as revelações sobre o envolvimento de Temer com Joesley Batista, um dos donos da JBS, vieram à tona. Entusiasta da pauta reformista de Temer, o PSDB foi um dos principais artífices do enfrentamento que culminou com o impeachment Dilma Rousseff – ofensiva iniciada já a partir de 2014, quando o partido ajuizou, naquele outubro de pleito eleitoral, primeiro um pedido de auditoria no sistema de apuração de votos, e em seguida, em dezembro, quando anunciou uma ação por abuso de poder econômico contra a chapa Dilma-Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Depois de consumado o afastamento da petista, viu-se na inusitada situação de, como autor do processo, ter representado uma ameaça ao mandatário cujo governo apoiava. Fosse outro o voto de Minervadado em 9 de junho pelo presidente do TSE, Gilmar Mendes, o partido teria derrubado o chefe de Executivo que ajudara a levar ao poder. Atualmente, o partido tem quatro ministros: Aloysio Nunes (Relações Exteriores), Antonio Imbassahy (Secretaria-Geral da Presidência da República), Bruno Araújo (Cidades) e Luislinda Valois (Direitos Humanos). Mas, desde de que 21 deputados tucanos votaram a favor da denúncia por corrupção passiva contra Temer, suspensa enquanto o peemedebista estiver na Presidência da República, cresce entre aliados a pressão para o governo promova uma reforma ministerial e contemple partidos mais fiéis que o PSDB, retirando-lhe as pastas. Na segunda denúncia, o partido continuou rachado e acirrou os ânimos de outros parlamentares da base para que o governo exonere os atuais ministros tucanos.