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As costuras que o governador Paulo Câmara vêm conduzindo internamente no partido em favor do apoio formal a uma eventual candidatura ao Planalto do ex-presidente Lula partem do princípio de que, diante da indefinição estabelecida no PSB, a lógica ainda pode ser invertida. Em outras palavras, para palacianos, a ala que defende um apoio a Ciro Gomes e vinha se colocando como maioria na legenda pode virar minoria ou exceção. O governador pernambucano lista a favor de si o fato de estar defendendo um projeto que se encaixa nas diretrizes listadas pelo PSB para a disputa deste ano: apenas se aliar a partidos da centro-esquerda. Após receber a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, ontem, o chefe do executivo pernambucano grifou o seguinte: “O PSB tem olhado várias hipóteses. Já tomou decisões fundamentais, que não vai se aliar com nenhum partido que não esteja no campo de centro-esquerda”. E, então, emendou que essa premissa já o coloca em condição de estar “coerente”, uma vez que o PT é um partido de centro-esquerda. Em um paralelo com a situação do governador de São Paulo, que tem compromisso com o presidenciável Geraldo Alckmin, do PSDB – partido que está fora do radar de alianças dos socialistas – a conjuntura para Paulo Câmara estaria mais viável. Desde o encontro recente do PSB, que reuniu dirigentes em Brasília, o governador de Pernambuco vem defendendo que uma decisão da sigla sobre a corrida presidencial fique para o final de julho. Ontem, ele sublinhou a dimensão do grupo pernambucano no processo: “A ala pernambucana do PSB é a maior do Brasil. Por isso já saímos na frente”. Gleisi, por sua vez, defendeu “aliança nacional”. No entanto, o pré-candidato ao Governo de Minas Gerais pelo PSB, Márcio Lacerda, em sabatina na qual respondeu a perguntas de prefeitos, ainda ontem, disparou: “A hipótese de uma aliança nacional com o PT não é provável. Ou será o PDT ou o partido (PSB) não terá aliança”. A conferir.
Risco de isolamento
O governador do Ceará, Camilo Santana, com quem Paulo Câmara esteve em Brasília, na última quarta-feira, é entusiasta da candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República. Embora petista, ainda em maio, defendeu que o PT“não pode apostar no isolamento suicida”.
Peça-chave > Para o PT sair do isolamento, o PSB é de grande relevância, assim como é para viabilizar uma composição de centro-esquerda em torno de Ciro Gomes, que, segundo palacianos, apareceu quando Câmara já ia deixando a reunião com Camilo Santana.
Bandeira branca > Além do esforço em prol do apoio formal à candidatura de Lula, Paulo Câmara estaria ainda fazendo o meio de campo visando a que o entendimento para o segundo turno não seja prejudicado pela disputa atual por apoios.
Escudo > Na visão de pedetistas, o PT tenta “a todo custo” evitar o “isolamento iminente” e endurece o jogo em Pernambuco, tentando impedir que o PSB se aproxime de Ciro.
Testemunhas > Participaram, ontem, da reunião com Gleisi Hoffmann no Palácio das Princesas, o presidente estadual do PSB, Sileno Guedes, o ex-secretário de Administração, Milton Coelho, e Antônio Figueira, da Assessoria Especial do Governo.
Só PE > Na passagem que fez por Pernambuco, ontem, Gleisi não tocou no assunto das contrapartidas ao PSB nos Estados.
Visita > Quem esteve em conversa, no Palácio das Princesas, com o governador Paulo Câmara na semana passada foi Maurício Rands, que, filiado ao PROS, pretende disputar o Senado.
A hipótese, no entanto, é improvável dada a “fila de espera”.