Por Maurício Assuero
Diz uma máxima popular que “a vitória tem muitos pais, mas a derrota é órfã”. Começo assim para lembrar que quando o governo Dilma propôs a redução da energia um deputado federal aqui de Pernambuco encampou a autoria do projeto, sua atuação na defesa do pleito, etc. e outro, ligado a CHESF, espalhou outdoors pela cidade falando da sua luta silenciosa para conseguir aquele grande feito. Quando não foi possível manter os preços, ambos se afastaram da luta.
Vemos algo parecido no governo Temer. A associação, ao seu nome, que muitos estão fazendo aos indícios de retomada do crescimento econômico. Chegou ao ponto de o próprio Temer falar em lançar sua candidatura em 2018, ou seja, acreditar que sua impopularidade será revertida com a melhora econômica. Nesse campo, Meirelles é que mais se capacita porque o mercado o conhece e confia nele muito mais do que em Temer. Para Temer, se der errado á culpa é de Meirelles.
O emprego está voltando pela expectativa dos empresários e talvez por trás dessa esperança esteja as novas regras trabalhistas implantadas por Temer. Mas, os efeitos disso não serão visto no curto prazo. Temos um mês de vigência das novas regras e já sabemos que a Faculdade Estácio de Sá, Rio de Janeiro, demitiu 1200 professores para recontratá-los em janeiro sob as novas regras, nas quais um trabalhador intermitente vai ter problemas com a previdência. Isso é fato.
O governo se respalda na aprovação da reforma previdenciária, no entanto, o que está sendo hoje discutido é bem diferente do que foi proposto. Antes, havia um rigor extremo e uma previsibilidade de cortes nos gastos muito grande; hoje, as emendas permitidas por Temer trarão muito pouco de benefício e, no longo prazo, agravarão a situação. Não sistema previdenciário que resista a uma taxa de aposentados superior a taxa de contribuintes.
O governo erra quando foca apenas as questão dos gastos. A PEC do Teto contingenciou investimentos porque o pessoal confunde uma coisa com a outra. Até o momento ninguém fala sobre a necessidade de olhar as receitas, de se fazer uma reforma tributária que torne mais justo o sistema de arrecadação do governo. Temos três grandes alterações na vida dos trabalhadores: a terceirização, a reforma trabalhista e a previdenciária. Não se escuta falar de reforma tributária. Não é interesse de um governo frágil, de um presidente inseguro, mexer no bolso de empresários. Não se trata de aumentar impostos, exclusivamente, mas implantar medidas que tornem a arrecadação no Brasil mais eficiente. Temer está longe de fazer isso.