ARTIGO — Aceleraram o relógio do tempo

Odivan Carlos Cargnin

De repente parece que aceleraram o relógio do tempo. E nos vimos atrasados nessa jornada. É como se estivéssemos vivendo um ano qualquer no futuro, com uma ameaça do lado de fora da nossa porta que nos força a viver com hábitos diferentes daqueles que estávamos acostumados.

O avanço tecnológico dos últimos anos nos permite atenuar os impactos de um estilo de vida que fomos forçados a adotar. Muitos dos novos hábitos serão incorporados definitivamente ao nosso dia a dia, pois já percebemos que são úteis e melhores, mais eficientes e mais econômicos do que aqueles que tínhamos até então.

O distanciamento social não é uma coisa boa. Somos humanos e precisamos de interação social, do calor humano. Vivemos em sociedade. Logicamente, logo ali na frente, teremos a solução para a pandemia e as coisas voltarão ao normal. Mas talvez esse normal não seja exatamente aquele que tínhamos antes de tudo isso acontecer. Ao final restarão uma série de novos hábitos que serão incorporados nas nossas vidas.

Avenidas de oportunidades têm se criado para negócios que entreguem soluções para esse futuro que se impôs sem respeitar as regras do tempo. Com menos de seis meses do início da pandemia já se percebe que empresas que entregam serviços digitais têm se destacado, viram seus negócios aumentar e estão facilitando a vida das pessoas. Empresas de vídeo conferência se propagaram e uma delas, a Zoom, vale mais que as cinco principais companhias áreas do mundo somadas. Como explicar? Muitas reuniões que só aceitávamos fazer presencialmente, de repente, percebemos que podem ser feitas por vídeo conferência. Muitas viagens de negócios deixarão de ser feitas. O meio ambiente agradece, inclusive.

As FAANG, grupo de empresas formado por Facebook, Amazon, Apple, Netflix e Google, que já vinham se destacando, aceleraram na dianteira das principais empresas do mundo, oferecendo inúmeras soluções digitais, como compras online, ferramentas de educação à distância, entretenimento, serviços para empresas e mesmo relacionamento social. Enquanto isso, empresas de petróleo, aviação, lojas físicas estão tendo problemas graves de solvência. Novos tempos.

É certo que o legado dessa crise, apesar do sofrimento e das perdas, será muito grande. Um deles certamente é a digitalização, que deixa de ser apenas uma opção e, mesmo para quem tinha dúvidas, passa a ser uma necessidade que vai deixar as pessoas mais seguras, mais eficientes e econômicas e o mundo menos poluído e mais saudável. A vida será melhor.

Quem sabe, a aceleração do relógio do tempo que nos foi imposta, não tenha sido proposital, para nos tirar do atraso de uma época que estávamos presos e resistindo a sair.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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