ARTIGO — BaitCar

Por Maurício Assuero

O BaitCar (carro isca) era um carro preparado pela policia americana para prender ladrões. O carro ficava exposto em determinadas ruas com chave na ignição, porta destravada, etc. Dentro do carro câmeras ocultas e a distância a equipe de policiais acompanhava o movimento em torno do carro. Quando um desocupado decidia levar o carro, a polícia o seguia, por controle remoto travava as portas do veículo (elas só abriam por fora) e quando achavam que chegou o momento travavam o combustível (a exemplo do que se faz com alguns alarmes antifurtos). Cercavam o veículo e davam voz de prisão. O infrator se defendia afirmando que estava “apenas levando” o carro a pedido de um amigo, mas tudo estava registrado. Mesmo quem tivesse o interesse apenas de se “divertir” com o carro acabava fichado na polícia. Tudo muito perfeitamente legal.

O presidente Temer entrou no baitcarda JBS. Mesmo que se diga que a gravação é ilegal, que foi editada, etc., isso não importa. É a voz dele. É ele ouvindo uma pessoa afirmar que estava cometendo um crime (por subornar agentes públicos, no caso do procurador e dos juízes) e como principal mandatário de uma nação dizer apenas “ótimo, ótimo”. Cabia ao presidente Temer, imediatamente a ocorrência de um grave delito. Agora, o presidente parece que aprendeu com outro ex-presidente, num espaço de tempo tão curto, como se defender de acusação: basta atacar ou desmerecer quem o acusa. Em termos de respostas que a sociedade espera… nada a declarar.

Não se trata de eximir de culpa a atuação de empresas privadas no campo enlameado da corrupção. Obviamente, que algumas empresas só enxergam o mecanismo de favorecimento ilícito como forma de crescimento financeiro; outas, se submetem porque se não o fizerem não conseguem vender seus produtos e serviços ao setor público. Recentemente, o Banco do Brasil cancelou uma licitação porque o jornal Folha de São Paulo havia antecipado quem seria o vencedor da licitação com três dias de antecedência à abertura dos envelopes.

Temer não precisa se explicar mais a nação. Ele precisa sair da presidência. Ele não tem moral nenhuma para conduzir este país e nem tampouco para propor reformas que impactarão decisivamente na economia. Nós pernambucanos fomos a primeira vitima dessa sujeira: no dia 19 passado havia uma agenda do presidente aqui em Pernambuco para assinar a documentação referente a transferência da gestão de Suape para o estado (retirada daqui por Dilma, quando Eduardo Campos resolver se candidatar à presidência).

A única forma de continuarmos andando e fazendo Temer sair do governo. Com ele ali, não conseguiremos muita coisa, pois o que foi feito pode não ser legal, mas é infinitamente imoral.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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