Por Niviani Rudek*
Nos últimos anos, com o advento de novas formas de comunicação, novas tecnologias, metodologias e estratégias de trabalho, as diferenças entre gerações passaram a ser causadoras de grandes conflitos dentro de uma empresa. Afinal, essas diferenças vão muito além de características, estilos e ferramentas de trabalho. Elas estão até mesmo nos objetivos que guiam as pessoas no mercado de trabalho e isso, muitas vezes, pode se tornar um ponto de conflito na empresa, além de gerar empecilhos durante a execução de projetos estratégicos.
Uma pesquisa da consultoria Randstaad apontou diferenças significativas nesse sentido, especialmente em relação aos fatores que fazem a pessoa perder o interesse em uma empresa. Enquanto entre os participantes da geração Z (nascidos entre 1995 e 2001), 25% respondeu que o principal motivo é a falta de desafios, para 22% dos correspondentes à geração Y (entre 1985 e 1994) o principal fator de desmotivação é a falta de benefícios. Já para a geração X (entre 1965 e 1984), o desinteresse é causado pela falta de reconhecimento. Por fim, os baby boomers (nascidos entre 1955 e 1964) alegam que o principal fator é a falta de flexibilidade, com 33%.
Se os desejos e metas na carreira são distintas, isso também se reflete no dia a dia do trabalho. Portanto, é importante que haja a capacidade de adaptação, além da busca por solucionar os conflitos e problemas de maneira conjunta por parte de cada “lado” dessa equação. Isso tudo se torna ainda mais importante se envolver uma relação de hierarquia, como aquelas entre os gestores e suas equipes. Por isso, algumas dicas podem ser importantes.
Em primeiro lugar, as lideranças da empresa precisam ser capacitadas. É preciso entender o que move cada gestor, além de saber as motivações de suas equipes para que todos possam alcançar um objetivo comum.
A segunda dica é evitar estereótipos e julgamentos precipitados em relação a uma determinada geração. Em um mundo com tantas diferenças, temos que estar dispostos a respeitar a diversidade e isso inclui conviver com mentalidades e visões de mundo distintas às nossas.
A terceira diz respeito diretamente à comunicação. Se uma pessoa estiver disposta a conviver com as diferenças poderá adaptar a sua linguagem para que a mensagem seja compreendida com mais facilidade. Se necessário, também adaptar-se ao meio utilizado, como e-mail, telefone ou WhatsApp. Às vezes, uma reunião pode ser evitada com uma boa troca de mensagens e confusões podem ser dissipadas por meio de uma ligação.
Já a quarta dica diz respeito a aproveitar as habilidades e competências de cada geração. De modo geral, enquanto os mais jovens podem preferir processos mais ágeis, reuniões mais rápidas e mais ferramentas digitais, essas coisas podem ser empecilhos para os mais velhos. Os jovens podem ensinar muito em relação à inovação, criatividade, agilidade e eficiência. Mas, os mais experientes também têm muito a ensinar, inclusive em empresas de grande potencial tecnológico. Afinal, são pessoas com capacidade de liderar equipes, de administrar conflitos, com maturidade e paciência para tomar decisões importantes para o planejamento futuro da empresa.
Por fim, está uma regra de ouro: escutar as pessoas. Da mesma forma que expressar-se bem é importante, também é necessário saber ouvir o que o colega tem a dizer, entender o que os outros esperam, qual seu ritmo e suas demandas. Uma escuta atenta pode possibilitar a detecção de algum problema na equipe, agilizar o processo de trabalho e até mesmo a criação de uma inovação inesperada.
A busca pela adaptabilidade e por competências que valorizem a convivência e o trabalho em equipe tem se tornado cada vez mais essencial para o mundo corporativo. Mas, caso essas sejam barreiras constantes para uma empresa, uma solução é implementar um processo de gestão de mudanças (GMO), conduzido por pessoas de fora da organização, que vise transformar a cultura e incorporar conceitos essenciais de transformação.
Por meio de um projeto bem estruturado e estratégico, o objetivo é identificar as motivações e os pontos de conflitos nessa relação entre os funcionários para, a partir disso, executar técnicas que solucionem os problemas. Dessa maneira, são trabalhadas políticas de comunicação para fazer com que medos, inseguranças e frustrações sejam enfrentados. Com o comprometimento dos gestores e líderes da empresa, é possível implementar um processo de transformação, com diálogo e tolerância. O resultado será equipe e líderes mais engajados e com melhores resultados, em todos os níveis da organização.
* Niviani Rudek é diretora de operações da Gateware.