Por Maurício Asssuero
Na semana passada o IBGE divulgou que a atividade industrial cresceu 1,4% (alguns dirão, só isso?). Adicionalmente, foi divulgado pelo governo, com a presença do presidente Temer, que em fevereiro houve 36 mil contratações com carteira assinada e logo foi uma comemoração generalizada pelo Brasil. Tem motivos para isso? É lógico que sim! No biênio 2015/2016, o PIB caiu 7,54% então um aumento, por menor que seja, em relação ao ano passado já sinaliza uma melhora, mas não uma tendência. Agora, que fique bem claro: este resultado não tem participação do governo, ou seja, não há nada que o governo possa dizer que este crescimento tenha sido resultado de alguma política adotada. Pode até sugerir que este aumento ocorre quando a inflação volta para meta, mas se a gente lembrar que a inflação está sendo reduzida a custa do desemprego de 13 milhões de pessoas. Adiante-se, também, que a redução na taxa de juros não foi suficiente para mover o investimento para cima e nem tampouco aumentar a renda.
É prudente que se avalie os motivos que elevaram o número de contratação em fevereiro para que isso possa ser melhor trabalhado e passe a virar uma tendência. O que se sabe é que a grande contribuição para este aumento veio do setor de serviços, então vamos torcer para que isso não seja apenas uma bolha gerada pelo Carnaval. O fato é que os números continuam desafiando e apontando para situações extremas e complicadas. Por exemplo, o Brasil tinha 13 milhões de desempregados em janeiro e em fevereiro tivemos 36 mil novas contratações. Se a gente partir desse número e admitir que a taxa de emprego vai crescer 10% ao mês, nós iremos precisar de 135 (vamos esperar, aproximadamente, 12 anos!) para atingir novamente os 13 milhões de emprego.
Esperar que a taxa de emprego cresça a uma taxa superior a 10% ao mês chega a ser utopia. Mas, precisamos adotar políticas, sustentáveis e de credibilidade, que se retratem em crescimento econômico, no entanto, estamos carente disso, haja vista a nova operação da Polícia Federal (Carne Fraca) que pode impacto direto sobre um produto pelo qual o Brasil responde por 15%. Vamos dizer assim: de toda carne consumida no exterior, o Brasil é responsável por 15%. É pouco? Não! É expressivo se considerarmos o rigor imposto por países para aquisição de carnes. No passado, não tão distante, sofremos bastante com a suspeita de contaminação do rebanho com o mal da vaca louca (Lula foi comer carne na Rússia para atestar que não havia problemas). Vamos comemorar? Sim! Devíamos, mas não devemos permitir que os empregos novos do setor de serviços sejam tragados pelo desemprego do setor industrial.