Por Paulo Exel
Os avanços da tecnologia, historicamente, são um dos motores que impulsionam as transformações no mercado de trabalho. Isso porque, com novas ferramentas e novos processos, o papel dos funcionários se modifica dentro das empresas. Com ciclos de mudanças cada vez mais curtos, o que podemos esperar do futuro do trabalho?
O fato é que o mercado ainda vai se transformar muito nas próximas décadas. Apesar de ser impossível prever o futuro, se olharmos para o passado e dedicarmos um tempo observando as mudanças, é possível identificar os setores que irão se transformar primeiro e de forma mais impactante.
O mercado financeiro é um bom exemplo de como a tecnologia evolui de maneira escalável para transformar um setor inteiro e, consequentemente, a demanda por mão de obra. Imagine a transformação do trabalho como uma escada de muitos degraus. No setor bancário, o primeiro degrau foi o surgimento dos caixas eletrônicos. O segundo, os protocolos de segurança para o uso do banco online e, a partir daí, o surgimento de aplicativos de celular para gerenciar as contas. Até pouco tempo atrás era necessário nos deslocarmos até uma agência para efetuar um simples TED, ou seja, por muito tempo nem sonhávamos que um dia poderíamos fazer isso com alguns passos de onde quer que estivéssemos, sem sair do lugar.
Tudo isso fez com que os clientes precisassem cada vez menos utilizar a infraestrutura das agências bancárias e, portanto, com a diminuição da clientela nas agências certamente houve a necessidade de rever a quantidade de Caixas disponíveis. Apesar de termos presenciado a redução deste posto de trabalho, a partir do surgimento da tecnologia, muitos outros foram criados nessa cadeia de produção.
Se olharmos também mais adiante, enxergamos o surgimento de novas moedas digitais como os Bitcoins e o protocolo de pagamento Blockchain, que possivelmente são, os próximos degraus que irão revolucionar mais uma vez os meios de pagamento. Não é à toa que as fintechs estão chamando tanto a atenção.
Quando pensamos em futuro do trabalho é fato presumir que as atividades relacionadas à tecnologia e ao mundo digital terão grande impacto no que diz respeito a novas profissões. Nesse sentido, novas e mais funções poderão surgir a partir de cientistas ou engenheiros de dados, especialistas em cloud computing, designer de realidade aumentada, entre outros.
Nesse cenário, ser um profissional de TI certamente é uma vantagem competitiva. É claro que apenas isso não garante a empregabilidade, uma vez que a especialização é o que realmente conta na hora de se posicionar profissionalmente. Uma dica para os profissionais é buscar atualização constante, acompanhar as tendências e desenvolver habilidades que vão além da competência técnica de suas profissões.
Aspectos de liderança, inovação, mindset criativo e competências de gestão são algumas das capacidades complementares aos profissionais e que estão sendo cada dia mais demandadas pelas empresas. Sempre existirá uma lacuna entre a velocidade com que as corporações demandam skills e competências e o que o mercado de trabalho oferece. Essa realidade é ainda maior no Brasil, dado a ainda baixa qualidade de ensino.
Além de se preparar melhor, o profissional do futuro precisa estar pronto para se adaptar às novas relações de trabalho. Modelos pautados por jornadas engessadas e salários fixos devem ficar no passado. A tendência é que as contratações aconteçam por demanda ou projetos, exigindo uma maior habilidade de gestão por parte do trabalhador.
De maneira geral, a tecnologia vai impactar todos os setores da economia, desde a área de saúde, ciências humanas até o setor de serviços. Se você já está com medo de perder seu emprego para uma máquina, saiba que o profissional do futuro precisa ser altamente especializado, desenvolver habilidades de adaptação, empatia e principalmente criatividade para propor soluções a problemas ainda não conhecidos. Quanto antes se começar, melhor. O futuro já está aí.