Pedro Augusto
Bastante citadas nos livros de história, as datas costumam fincar nas memórias dos leitores aqueles dias, meses e anos que tiveram uma representatividade muito grande causando os mais variados tipos de rumos para uma determinada nação. Sem dúvidas, o 5 de abril deste ano foi uma dessas datas que deverão ser, a partir de agora, mencionadas com destaque nos capítulos da biografia do Brasil. Nela, pela primeira vez nos quase 515 anos de descobrimento do país, foi decretada a prisão de um ex-presidente da República.
Um dia depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) negar habeas corpus a Luiz Inácio Lula da Silva, o juiz federal Sérgio Moro determinou a prisão do petista e fixou a tarde da sexta-feira (6) como prazo para que ele se entregasse. O prazo foi em razão da “dignidade do cargo” que Lula exerceu, explicou o juiz, que também proibiu o uso de algemas e disse ter preparado sala especial para o início do cumprimento da pena do ex-presidente. O petista foi condenado em segunda instância, pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, a 12 anos e 1 mês de reclusão.
Tão logo a notícia da determinação da prisão do ex-presidente ganhou corpo em todo o Brasil e no mundo, os brasileiros trataram de esticar ainda mais a linha divisória que vem imperando já não é de hoje no país. De um lado, os veneradores do juiz Sérgio Moro, que os têm como o exterminador de corruptos direcionando uma atenção mais especial a ala vermelha. Do outro, os eleitores do ex-presidente Lula, que até admitem que o “companheiro” roubou, mas fez para o pobres.
E com quem está a verdade? Isso só o tempo poderá dizer, mas enquanto a resposta não chega, torce-se muito, mas muito mesmo, que os “Coxinhas” e os “Pão com Mortadela” baixem mais a guarda e tentem direcionar um pouco mais os seus pensamentos, ações e olhares para construir uma nova realidade para o país sem tanta intolerância, perseguição, preconceito e violência. Que essa linha divisória, que foi criada, imaginária, é claro, mas ao mesmo tempo tão viva e presente nas ações e nos comentários dos brasileiros, comece a se dissipar tão logo a eleição presidencial ocorra neste ano.
E que o dia 5 de abril passe a estampar os livros de história do Brasil não apenas como uma data que ficou marcada pela prisão de um ex-presidente, mas, sim, pelo início do combate efetivo à corrupção, fazendo jus ao velho lema de que a “Lei é para todos!”.