Por Maurício Assuero
Semana passada foi anunciado o crescimento da economia: 0,2%. Temer usou este fato na China (não o percentual, mas o fato de ter crescido) para atrair investimentos, principalmente dentro do espectro de privatizações que o governo tenciona fazer. Esse otimismo pode fazer a economia do Brasil volta, de fato, a crescer.
Outra questão importante que, talvez, tenha uma responsabilidade grande nesse crescimento foi o aumento do consumo por parte das famílias. Essa é a mola propulsora do crescimento econômico. Comece, então, a tentar responder o seguinte: como as famílias passaram a consumir mais se a quantidade de desempregados é da ordem de 13 milhões de pessoas? Se formos analisar os programas do governo veremos que todos estão contingenciados e o programa Bolsa Família, por exemplo, não é mias capaz de mobilizar a economia nos mesmos níveis de quando foi criado. Há pesquisas que apontam, desde maio, que o consumo das famílias tenderia a crescer, aproximadamente, 11%, mas considerando que o consumo é baseado em rendas ou em transferências do governo, vamos admitir que a liberação do FGTS de contas inativas teve um papel importante neste contexto, embora as expectativas iniciais fossem relacionadas ao pagamento de dívidas.
Adicionalmente, a redução da taxa de juros favoreceu o mercado causando impacto nessa sensação de normalidade. O controle da inflação tem sua importância destacada porque com preços mais baixos, a demanda por produtos aumenta. Agora em setembro está sendo paga a folha dos aposentados com uma parcela do 13º salário. Esse conjunto de forças favoreceu essa mudança de tendência da economia, no entanto, precisa de políticas para mantê-las. As ações do governo no curto prazo precisam de uma frequência maior. O grande gargalo é o descontrole das contas públicas. Um déficit de R$ 159 bilhões não vai ser coberto no curto prazo e nem ao longo dos quatro anos de mandato do próximo presidente. O lado bom disso é que o mercado sabe dessa realidade e vai trabalhar com essa informação.
O que falta agora para que essa mudança de tendência seja mais definitiva? Aumentar exportações e atrair investimentos externos. A primeira opção levaria ao aumento do emprego e da renda e favoreceria o mercado doméstico. A segunda opção permitiria contar com recursos que o governo não tem e precisa. Em termos gerais: ainda bem que o mercado enxerga que Temer não governa!