Por Maurício Assuero
O desembarque do PMDB do governo Dilma estava sendo carregado de tintas tétricas, tenebrosas, e afins, mas …o mundo não acabou. Saiu o PMDB e os ministros do partido insistem em não entregar os cargos. Por um lado, a gente vê o senador Renan Calheiros dizer que foi precipitado este desembarque (você pode acreditar ou não na sinceridade dele) e por outro lado temos uma pesquisa na qual 66% dos entrevistados entendem que o PMDB traiu o governo e 83% (isso mesmo, 83%) não gostariam que Temer assumisse o governo. São números expressivos, estes. A sensação que fica é que muitas pessoas gostariam de ver Dilma fora do governo, mas não num processo pilotado por Eduardo Cunha. De fato, soa muito estranho isso e beira bastante a um gesto de vingança.
Um nome praticamente certo num eventual governo Temer é o do ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Um homem de mercado, do sistema financeiro, que certamente poderia trazer a credibilidade que o governo necessita para implantar mudanças capazes de recuperar a economia. Estamos falando de redução de desemprego, de crescimento econômico, de menor taxa de juros, de controle inflacionário, etc. e tudo que precisamos saber é como o “governo Temer” faria isso.
Há um consenso entre os economistas que sem controlar a dívida pública (não apenas os gastos) e sem medidas impopulares para gerar superávit primário, qualquer medida do governo para atenuar a crise econômica, será ineficiente. Não tem como o governo adotar qualquer política sem cortar na própria carne e isso implica dizer que medidas impopulares deverão ser instrumento de ajuste econômico.
Enquanto isso, o mercado se prepara para suportar a pior taxa de inadimplência já vista. Os bancos aumentaram a provisão para devedores duvidosos (inclusive estão sem saber como recuperar créditos concedidos a empresas envolvidas na Lava Jato). A taxa de juros alta aumenta o risco de inadimplência e aumenta o contingenciamento de crédito (os bancos irão reduzir o volume de empréstimo com receio de não receber o que for emprestado) e sem crédito o consumo não é um instrumento suficiente para aumentar a produção.
É interessante verificar, no entanto, que qualquer movimento em direção ao impeachment faz o dólar cair e a Bolsa de Valores aumentar. É natural tais movimentos porque o mercado se baseia em sinais, em especulação e tais movimentos não trazem o indicativo de benesses plenas, ou seja, não será apenas a troca de governo que vai nos levar do inferno ao paraíso à velocidade da luz!