Por Maurício Assuero
O recente anúncio do Banco do Brasil em reduzir o número de agências, seguido imediatamente pelo Caixa Econômica, não é fruto apenas de uma conscientização operacional na qual se chegou a conclusão de que algumas agências são deficitárias e que para tais casos basta apenas um posto bancário. Na verdade, os bancos entendem que qualquer ameaça a redução dos seus lucros deve ser combatida com medidas de contingenciamento. Falo baseado na minha experiência de ex-bancário quando vi, durante um dos planos de estabilização da moeda, aproximadamente 50 funcionários de um setor inteiro convocadas para uma reunião num auditório, apenas para serem comunicados que estavam demitidos, a partir daquela data. A terceirização do setor era uma solução mais econômica do que a manutenção dos empregos.
O problema do Banco do Brasil e da CEF é maior do que se deixa transparecer. Como bancos estatais, ambos, foram usados pelo governo Dilma para reduzir taxa de juros e isto afetou o preço de suas ações no mercado financeiro. Ambos estão com problemas graves nas suas entidades de previdência privada (Previ e Funcef) com déficit financeiro expressivo por conta de administrações equivocadas na gestão desses recursos e isso compromete, por exemplo, a política de aposentadorias dos funcionários. Então, ao invés de promover a aposentadoria tornar mais factível implantar um programa de demissão voluntária. Vejam do que é capaz a ingerência: estamos falando de duas entidades são autônomos em suas atividades, ou seja, ambas operam independentemente dos recursos do Tesouro Nacional.
O que mais preocupa é que tal movimento será incorporado pelos bancos privados como já sinalizou o Bradesco que seguirá as medidas adotadas pela CEF e o pelo BB. Então, a consequência será aumento na taxa de desempregoe uma senhora dor de cabeça para a população das cidades que terão agências fechadas que necessitarão se deslocar para cidades circunvizinhas e que serão alvo fácil de bandidos e aproveitadores. Note que estamos falando, no caso do Branco do Brasil, do fechamento de 402 agências e a demissão de 18 mil pessoas. Nitidamente, isso vai causar impacto no sistema econômico em proporções não analisadas. Por exemplo: como uma cidade pode atrair investimentos se não tiver uma agência bancária? Como será feito o transporte de valores? Comerciantes contratarão escolta armada? Lógico que qualquer ação repercute nos custos.
Um componente fundamental para essa opção dos bancos tem sido a falta de segurança. Bandidos fazem a família do gerente refém enquanto este se dirige à agência em companhia de parte da gang para abrir os cofres. Quando não é assim, as agências são explodidas com dinamite sem que o governo adote uma política de contenção e de proteção. Estranho que, apesar do controle de vendas de explosivos, ter tantos por aí em mãos equivocadas. Estranho que o governo não tenha se mobilizado para negociar com os bancos a manutenção das agências, afinal, isso também vai impactar na arrecadação. Então, se tiver que se fazer alguma coisa que seja rápido porque depois da agência fechado é muito mais complicado.