Artigo: Hoje é o dia do Frevo

Por que o frevo é Patrimônio Imaterial da Humanidade?

Hoje é o dia do frevo. 110 anos de muita luta e, batalha, conquistas e sonhos. A palavra ‘frevo’ vem de ferver, ou frever, rebuliço, confusão, agitação, ritmo acelerado, grandes movimentações de massas populares que impulsionou o Carnaval.

Pernambuco é o berço dessa força rítmica que surgiu no fim do século XIX. Os passos dos capoeiristas influenciou as gingas para o frevo. Os blocos, as troças, às letras líricas e poéticas, fazem parte da mistura entre o ritmo e corpo cultural do Frevo.

Para todos nós pernambucanos, é um orgulho o nosso frevo ter sido escolhido pela Unesco como Patrimônio Imaterial da Humanidade. Desde 2007- ano do seu Centenário, o Frevo já era reconhecido com o título de Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro.

É certo que já estávamos esperando o título de Patrimônio Imaterial da Humanidade por tudo que a força da cultura pernambucana, através das suas manifestações populares, transmite. O Frevo é uma expressão rítmica, forte e envolvente no período carnavalesco. Segundo fontes oficiais do Iphan, “sua origem se deu enraizada no Recife e em Olinda, no Estado de Pernambuco. Trata-se de um gênero musical urbano que surgiu no final do século 19, no carnaval, em um momento de transição e efervescência social como uma forma de expressão popular nessas cidades.”

O Frevo tem três modalidades: Frevo de Rua, Frevo de Bloco e Frevo-Canção. As pessoas se identificam com os passos, as canções, os blocos de rua, irreverências, cores, brilhos, as alegrias, criatividades e harmonias que envolvem todos sem distinção de cor, raça, crença e classe social.

Porém, é preciso recordar. Para que esse título fosse concedido, foi preciso tomar algumas precauções. Quem não se lembra quando a Prefeitura de Olinda, na gestão de Luciana Santos, que proibiu no período de Carnaval a execução de músicas de axé-music, eletrônica ou outros sons que não fossem o frevo?

Isso, à época, gerou uma polêmica danada, principalmente entre os jovens. Particularmente vibrei com aquela atitude da prefeita. Hoje podemos colher os bons frutos culturais daquela decisão.

Acredito que, se não fosse tomada aquela atitude, talvez hoje nosso carnaval tivesse outra cara. Provavelmente nosso velho e bom frevo teria sido esquecido.

São atitudes como essa que precisamos acordar. As nossas festas populares e os nossos ritmos, tais como Forró, Xaxado, Xote, entre outros, precisam ser mais valorizados e preservados, pois estamos falando das nossas manifestações e tradições, dos nossos costumes e da nossa memória através da história.

Que o frevo possa ser visto sempre como um patrimônio cultural de verdade. Que a história de tantos que lutaram para que o frevo fosse de fato reconhecido, possa chegar nas escolas, faculdades, entre outros espaços que a alegria e o encanto do frevo contagie a todos.

Viva o Frevo Pernambucano

Herlon Cavalcate é colaborador, jornalista e poeta.

Natural do Rio de Janeiro, é jornalista formado pela Favip. Desde 1990 é repórter do Jornal VANGUARDA, onde atua na editoria de política. Já foi correspondente do Jornal do Commercio, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo e Portal Terra.

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