Janguiê Diniz
Acidente de trânsito é uma das principais causas de morte de jovens no mundo. A cada ano morrem 1,3 milhões de pessoas morrem vítimas da imprudência ao volante. Dos sobreviventes, cerca de 50 milhões vivem com sequelas. Além disso, o trânsito é a nona maior causa de mortes do planeta.
Os acidentes de trânsito são o primeiro responsável por mortes na faixa de 15 a 29 anos de idade; o segundo, na faixa de 5 a 14 anos; e o terceiro, na faixa de 30 a 44 anos. Ainda de acordo com a OMS, as principais causas de mortes entre adolescentes brasileiros de 10 a 15 anos são, nesta ordem: violência interpessoal, acidentes de trânsito, afogamento, leucemia e infecções respiratórias. Já jovens na faixa de 15 a 19 anos morrem em decorrência de violência interpessoal, acidentes de trânsito, suicídio, afogamento e infecções respiratórias.
O Brasil aparece em quinto lugar entre os países recordistas em mortes no trânsito, atrás da Índia, China, EUA e Rússia. Segundo o Ministério da Saúde, em 2015, foram registrados 37.306 óbitos e 204 mil pessoas ficaram feridas. Se reduzirmos a análise para as Américas, o nosso país é o quarto colocado, ficando atrás da República Dominicana, Belize e Venezuela.
É fato que a implantação do Código Nacional de Trânsito, em 1998, e com a aplicação de medidas positivas como a Lei Seca, uso obrigatório da cadeirinha para crianças e o airbag, os números tiveram uma ligeira queda. Entretanto, de 2009 a 2016, o total de óbitos saltou de 19 para 23,4 por 100 mil habitantes. Bem distante de cumprir a meta da ONU de reduzir pela metade a incidência de acidentes até 2020.
Não podemos esquecer a imprudência de dirigir após o consumo de álcool. Ainda segundo a OMS, “pela sua característica sedante-hipnótica, o álcool tem uma forte influência nos acidentes de trânsito”, daí ser considerado um fator “acidentogênico”. O que isso quer dizer? O álcool afeta diretamente as habilidades de quem dirige, encorajando atitudes de risco como dirigir em alta velocidade e desrespeitar sinais vermelhos, por exemplo.
Estimativas sugerem que, caso nada mude no comportamento dos motoristas, o número subirá para 1,9 milhão de mortes em 2020, agora também provocadas pela distração fatal de uma geração pendurada no smartphone enquanto dirige. Nesse aspecto, a tecnologia chega para nos ajudar. O carro sem motorista, alimentado pela Inteligência Artificial, é hoje a aposta das grandes montadoras, lideradas nos Estados Unidos por Ford, GM e Tesla e na Europa por Audi, Mercedes e Volvo, e também dos gigantes de tecnologia da Califórnia, como o Google e a Uber para a redução dos acidentes.
Como resolver tantos problema com o trânsito? A primeira questão é melhorar as vias – estradas, ruas e calçadas. Isso inclui sinalização adequada, boa cobertura asfáltica, construção de ciclovias, semáforos, faixa de pedestres e etc.. Neste caso, Bogotá, na Colômbia, é um ótimo exemplo. Por lá, foram construídos mais de 100 km de ciclovias em 10 anos e reduzindo em 47% a morte de ciclistas.
Mas, de nada adianta investir na infraestrutura se os motoristas, condutores e pedestres não forem hábeis e respeitarem as leis de trânsito. O investimento em educação é essencial. Na Espanha, por exemplo, os instrutores passam por um curso de dois anos antes de iniciar as aulas aos condutores.
É preciso, também, fiscalização eficiente e punição aos infratores. Vale salientar que a ideia da multa não é arrecadação de valores, mas sim evitar que as pessoas causem ou se envolvam em acidentes e, consequentemente, promover a redução de mortes, a diminuição de atendimento hospitalar – que dependendo da gravidade passam meses nos hospitais -, e até a aposentadoria precoce, causada por invalidez.
A Lei Seca foi uma iniciativa positiva e tem ajudado a conscientizar as pessoas da gravidade em misturar bebida com direção, mas a lei, sozinha, não muda a forma de agir das pessoas. É preciso trabalhar para que as novas gerações de motoristas estejam atentas à segurança no transito.