Por Newton de Oliveira
Cotidianamente, nas comunidades carentes da cidade do Rio de Janeiro, centenas de crianças ficam sem aula em função de tiroteios provocados por operações policiais em horário escolar. Não são situações esporádicas. Tais episódios que, muitas vezes acabam resultando em ferimento e morte por tiro de estudantes, não podem ser banalizados e merecem uma reflexão.
A primeira delas é que sua ocorrência demonstra pelos menos dois tipos de inconsistência de gestão. Uma delas é a absoluta falta de planejamento por parte da polícia ao não considerar a relação custo/benefício de uma ação em horário escolar perto de estabelecimentos de ensino. Podemos dizer que há um descaso com as vidas ali envolvidas, fruto de uma lógica de guerra insana que engolfa os policiais e a população com resultados pífios e deixando um rastro de mortos e feridos que faz com que o estado tenha um em cada três policiais militares mortos no país neste ano.
Outro fator é de ordem ideológica por assim dizer. Nas comunidades pobres do Rio, a escola – que busca a duras penas ser um espaço de convivência, alimentação, ensino formal, cultura e esporte – fica fechada com prejuízos a curto e médio prazos que não são difíceis de serem inferidos.
Por tudo isso, operações policiais em horário escolar, além de ser um desrespeito à vida e ao lema servir e proteger, materializa a verdadeira importância e visão que o estado tem da população e das crianças, sobretudo. Triste.
Lugar de criança é na escola …
*Newton de Oliveira é professor de Direito da Faculdade Mackenzie Rio, especialista em segurança pública, com cursos em Israel, e foi coordenador consultor (líder pelo PNUD junto ao Ministério da Justiça) da equipe que planejou a Segurança dos Jogos Pan-americanos do Rio.
Newton de Oliveira está disponível para entrevista.
Sobre o Mackenzie
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