Por Rafael Bueno e Fernando Zendron
No caminho para a transformação digital, muitas empresas tratam a tecnologia como um serviço agregado: mantêm a operação normal de seus setores e, quando precisam de soluções para automatizar tarefas, passam o projeto para a área de TI. Em geral, essa forma de trabalhar não tira o potencial máximo dos resultados a serem atingidos para a companhia, uma vez que, ao trabalhar com prazos exíguos, profissionais não têm a possibilidade de realizar um volume considerável de testes e nem de aplicar novas ideias ao longo do processo de desenvolvimento.
Para solucionar esses problemas, é necessário ir além das necessidades do dia a dia para analisar a organização sob um espectro mais amplo, sugerindo questionamentos como: e se, em vez de pedidos pontuais, houvesse a participação ativa de pessoas com diferentes tipos de conhecimento? E se fosse possível gerar metas de negócio a esse grupo multidisciplinar?
Com base nessa análise, chegamos ao Mindset Core IT como resposta. Mas o que esse termo significa? Na prática, deixar de ter um “departamento de TI” para dar espaço a uma empresa menos hierarquizada e mais produtiva, reunindo os profissionais de negócios com os de tecnologia no mesmo ambiente e proporcionando um conhecimento conjunto a respeito das metas e planos da companhia.
Não é tarefa fácil promover essa integração. Além de revolucionar o modelo consolidado de “mundo corporativo” que temos hoje, exige um profundo envolvimento dos business owners e sua dedicação a esse movimento: é a partir da decisão deles que esse processo se inicia na empresa e cabe a eles decidir o rumo dessa profunda reestruturação organizacional.
Nesse processo, uma das primeiras decisões a serem tomadas é a ressignificação do papel do CIO, passando a atuar como Chief Digital Officer (CDO). Mais do que a mudança de nome, é necessário que esses profissionais passem a atuar como coach para os demais departamentos, aumentando o conhecimento de cada um a respeito de tecnologia.
Outro passo a ser tomado é a redução de hierarquias, impantando o que chamamos de fluxo de valor de negócio. Basicamente, essa estratégia consiste em garantir a entrega contínua de soluções de qualidade e valor, elaboradas a partir de equipes multidisciplinares e conscientes do propósito para o qual estão direcionadas.
Falando em propósito, uma consequência natural desse modelo é a mudança imposta aos próprios business owners. Nesse modelo, não cabe a eles explicar exatamente o que deve ser feito em cada etapa para atender aos colaboradores, mas sim promover um trabalho em que a equipe passa a entender as necessidades do cliente, entregando resultados e identificando oportunidades. Dessa forma, o senso de responsabilidade e compromisso passa a ser difundido por toda a empresa.
Aos líderes, por outro lado, cabe o papel de agir como investidores, coordenando os fluxos de entrega de valor e mantendo estruturas mais enxutas. Nesse novo cenário, nossa ideia é promover o empreendedorismo, dando a oportunidade para as pessoas agirem como donas dos projetos em que atuam, com maior controle e visão global acerca da missão que desempenham.
Essa é uma proposta nova e que exige métodos variados para sua manutenção constante. Com o conhecimento de metodologias “ágeis” e “lean”, por exemplo, empresas podem garantir a sobrevivência dessa nova estrutura organizacional, atingindo resultados duradouros com o uso eficaz de tecnologia e aumentando a motivação de seus colaboradores.
*Rafael Bueno é VP da Sciensa e Fernando Zendron é Diretor da Sciensa Digital Labs
Sobre a Sciensa
Fundada em 2010, a Sciensa é uma consultoria especializada em inovação e transformação digital. Sob a missão de trazer resultados aos negócios por meio da tecnologia, a companhia atua desde a análise de processos até à implantação de soluções personalizadas. Com 140 colaboradores no Brasil, o principal compromisso da Sciensa é entregar uma estratégia diferenciada e ser parceira de seus clientes na co-criação de projetos.