Por Maurício Assuero
Estamos a duas semanas do fim de 2016 e, francamente, torcendo para chegar logo 2018. A economia brasileira foi travada e engolida pelos inúmeros escândalos que atingiram maciçamente os caciques da política brasileira. Quando se tem surge uma nesga de esperança em alguém, seu nome aparece envolvido num desvio de recursos, no lamaçal da corrupção.
A delação de um executivo da Odebrecht cita, nominalmente, o presidente Temer e a desculpa que que se tratou de recursos doados legalmente se perde na cópia de um fax no qual fica claro que tal doação ocorreu em fevereiro de 2015, quando não havia campanha política. Tivemos a escabrosa decisão do STF sobre o escabroso senador Renan Calheiros e isso foi o terrível indicativo de que nossas esperanças estão minguando a cada dia. No meio do tiroteio em que se encontra o presidente convocou uma reunião para tratar a crise e traçar políticas que façam o Brasil voltar a crescer, ainda este ano (deixe-me rir!). A crise no Brasil se intensificou em outubro/novembro de 2014. De lá para cá, todas as previsões de crescimento são pessimistas e o presidente acha que em 15 dias ele tem capacidade para fazer o Brasil voltar a crescer?
É bom lembrar que a única política do governo tem sido a PEC do Teto, a limitação de gastos públicos por 20 anos. Fora isso, o governo se segura na reforma da previdência, que é importante e necessária, mas que este novo cenário de fragilidade pode levar para não aprovação. É preciso reformar a previdência, mas é preciso que se faça uma discussão mais ampla sobre o atual modelo previdenciário. Não basta discutir equilíbrio financeiro e deixar em segundo plano o equilíbrio atuarial. Esta reforma não é a única necessária. A tributação no Brasil há muito que clama por um encaminhamento salutar. Ninguém ousa discutir reforma tributária.
Um caminho que poderia favorecer a retomada do crescimento econômico seria através do comércio exterior, da atração de capital externo para fortalecer as reservas e gerar fundo para investimento. Mas, isso não deslancha porque nenhum investidor externo está disposto a aplicar no Brasil por conta desse cheiro fétido de podridão. Não é confortável observar que o Presidente da República, o presidente do congresso e o presidente da câmara participaram de ações nada republicanas.
Estamos numa situação absolutamente delicada, com graves consequências sociais. 2017 se aproxima e com ele vem todas as incertezas atuais. Se Temer abrir mão do governo até 31.12, faz-se uma eleição para atravessar 2017. É bom observar, no entanto, que não é Temer quem está na corda bamba… é o Brasil.