Por Maurício Assuero
No início de março, o governo federal comemorou um aumento no nível do emprego (em fevereiro foram abertos 36 mil novos empregos com carteira assinada) e nós fizemos um comentário aqui de que deveríamos esperar para saber o que estávamos comemorando. Ao que tudo indica foi um movimento específico do mês favorecido, por exemplo, pelo Carnaval. Em detrimento, em março chegamos a 14,1 milhões de desempregados.
Agora, concomitantemente, ao anúncio de outros fatores como redução na taxa de juros, inflação dentro da meta prevista, indicativos de que o volume de operações via FINAME tem crescido, somos levados a crer que a economia começa a sair do rinque de patinação no geloa qual estava flutuando. Note que não basta que ocorra estes movimentos, muito bem vindos. É preciso que haja sustentação, ou seja, que tenhamos políticas que respaldem, que amparem, esse movimento virtuoso.
Uma das questões fundamentais é a renegociação das dívidas dos municípios, mas é uma grande pena que isto esteja sendo usado como moeda de troca na aprovação da reforma da presidência. Agora, vejam o contraditório: a reforma da previdência é o principal argumento para o país voltar a crescer e o governo aceita que os devedores da previdência possam pagar suas dívidas em 200 meses. Mas, como isso é possível se a previdência não tem dinheiro? Importante dizer que para os municípios esta renegociação é fundamental.
Um fato que deve ser mencionado é a redução no risco país. No início de fevereiro o risco país estava em 270 pontos e fechamos o mês com 259 pontos, ou seja, uma redução de 4,07% (num mês!), mas comparando ao início do ano, esta redução chega a 21%. Notadamente já mostra que o investidor externo tem se acomodado em relação as diversas crises que o Brasil propicia. Não dá ainda para falar em confiança nas instituiçõesporque o principal torpedo contra o sistema financeiro ainda está por vir (entenda-se: a delação premiada de Antônio Palocci) e seguramente isso vai abalar a confiança no mercado, visto que há nomes fortes na iminência de ser envolvido nesse rio de podridão.
Adicionalmente, está previsto para o próximo mês (mais precisamente 06/06) o início do julgamento no TSE – Tribunal Superior Eleitoral do processo que pode alijar Michel Temer da presidência da república. Nesse contexto, imaginem este país governado por Rodrigo Maia ou por Eunício Oliveira, ambos citados nas planilhas da Odebrecht. Não vai ser fácil.