ARTIGO — No limite

Maurício Assuero

O governo tenta implantar uma agenda positiva para a economia, mas esbarra em fatores determinísticos e outros aleatórios que chegam com a mesma intensidade. Os primeiros decorrem da frágil relação com o Congresso. Com um ministério mais técnico do que político, a linguagem de um acaba não sendo aceita pela outro e pautas importantes que poderiam acelerar a recuperação econômica são colocadas em segundo plano. Os casos aleatórios são externalidades que afetam nossa economia, a exemplo do coronavírus. A Samsung fala sobre inúmeras dificuldades de produção e não descarta fechamento de postos de trabalho. Quem esperava por isso?

A desvalorização do Real, frente ao dólar, é parte do que está acontecendo no mundo. O dólar tem se valorizado frente ao euro, inclusive, mas o efeito é muito diferente quando se trata de países emergentes. A União Europeia tem um mercado incomparável e numa economia como a nossa o efeito das incertezas da economia chinesa são bem mais intensos. Investidores em dúvida sobre o como o Brasil vai suportar essa pressão optam pelo mais simples: tirar investimentos do país e na busca para comprar dólares, o preço aumenta.

Outra questão importante é que a saída de investimentos é mais rápida do que a entrada, ou seja, quando o governo adota uma política, os efeitos dela não são tão imediatos como a gente gostaria que fosse. Por exemplo: semana passada o governo reduziu o depósito compulsório para 25%. Isso significa uma injeção de R$ 40 bilhões na economia e com a taxa de juros baixa, o crédito é favorecido e dinamizar o consumo.

Mas, o fato é que estamos no limite. Precisamos, por exemplo, que os acordos assinados com a União Europeia, com a Índia, comecem, mesmo que lentamente, a apresentar resultados. Estes acordos são fundamentais e o dólar alto é um instrumento que favorece a exportação, mas a burocracia é algo fora do comum. Entende-se, afinal isso mexe com diversos aspectos legais, com as compensações comerciais etc.

Outra coisa importante que o Banco Central já anunciou é o sistema de pagamentos instantâneos. Com esse sistema DOC e TED, atuais instrumentos de transferências de valores, ficarão obsoletos. Como isso pode ajudar a economia? As empresas terão disponibilidade de crédito imediato, elimina o alto custo de transação do DOC ou TED. O problema é que temos até novembro para desfrutar dessa facilidade. Melhor dizendo: teremos uma fase de adaptação necessária para promover ajustes e até novembro o sistema estará liberado 100%.

Tudo isso são fatores que influenciam positivamente a economia, mas basta um vírus do outro lado do mundo para mudar a conjuntura. A famosa analogia com o “bater das asas de

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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