Artigo: o turismo e os políticos de Caruaru

O TURISMO E OS POLÍTICOS DE CARUARU: por Moisés Feitosa
Existe um ditado árabe que diz: “Quem planta tâmaras, não colhe  tâmaras!”. Isto porque uma tamareira leva de 80 a 100 anos para produziros primeiros frutos. Fazendo uma simples analogia, também é assim com as açõesno Turismo. Planta-se hoje, para colher no futuro.

O Turismo é uma atividade altamente lucrativa para umacidade, todos ganham. É inquestionável sua importância sócio-econômica:impostos, empregos, preservação e valorização do patrimônio histórico-culturale do meio ambiente, intercâmbio entre os povos etc. Mas tudo isto só ocorre, seexiste interesse do povo que acolhe esses visitantes, do poder público comvontade política, das ações de propaganda e nomeadamente dos investimentos eminfraestrutura, equipamentos e serviços turísticos.

Alardamos aos quatro cantos que as Festas Juninas de Caruarucontituem-se um forte atrativo turístico, mas será que não estamos refletindo influenciados pela emoção? Pelo amor à Terra? Questiono isto porque ultimamente,no formato em que se nos apresenta, o São João a cada ano deixa de ser um atrativo turístico e propagador de nossa cidade, para converter-se em apenas umafesta/show de rua. Analisemos tecnicamente, pela razão:

– Qual o montante de imposto arrecadado e que refletirá embenefícios para a comunidade?

– Quantos empregos diretos e indiretos gera? Isto reflete-separa todo o ano ou é meramente sazonal? Poderá o turista aproveitar a “Capitaldo Forró” em outras épocas ou terá que vir exclusivamente no mês de junho, oumelhor, nos finais de semana do mês de junho para assistir a um show, às vezesde atrações nacionais que também circulam pelos núcleos emissores dessesturistas?

– A Festa procura preservar e valorizar nosso patrimônio histórico-cultural e o meio ambiente? Existe algum trabalho de conscientizaçãoda população sobre a importância da tradição, o significado da festa, oreceptivo ao turista?

– A Infraestrutura da cidade atende bem à sua população epode também ser usada pelos que nos visitam?

– Os Equipamentos e Serviços Turísticos disponíveis estãoadequados, capacitados e praticam preços justos e compatíveis com o mercado? Recebem incentivos do poder público econseguem manter-se o ano inteiro enfrentando a sazonalidade?

Por último, fico a pensar se temos gestores públicos que platamtâmaras para o Turismo ou se são do tipo que não perdem tempo plantando o quenão vão colher. Se pensam e agem com obras eleitoreiras, ninguém muito embreve, colherá tâmaras em Caruaru.

Moisés Feitoza Bonifácio Turismólogo, Guia de Turismo e Agente de Viagens

Natural do Rio de Janeiro, é jornalista formado pela Favip. Desde 1990 é repórter do Jornal VANGUARDA, onde atua na editoria de política. Já foi correspondente do Jornal do Commercio, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo e Portal Terra.

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