Por Maurício Assuero
Estamos todos satisfeitos com os resultados alcançados pela economia brasileira nos últimos dois meses. Em muitos momento disse aqui que a recuperação da economia seria, antes de tudo, uma ação, uma vontade da classe empresarial do que propriamente do governo. Devemos reconhecer que a redução da inflação e da taxa de juros foram instrumentos importantes, no entanto, o ator protagonista desse drama foi o desemprego. Dito de outro modo: o desemprego empurrou para baixo a inflação e a taxa de juros. Não tinha como incentivar o consumo sem reduzir juros.
Este otimismo com a retomada do crescimento é importante porque se propaga e incentiva o aumento da produção que tem reflexo no aumento do emprego, da renda, etc. Agora, não devemos deixar de lembrar que o atual patamar dos juros é um divisor de águas. O COPOM pode até reduzir a SELIC, mas dificilmente os efeitos na economia serão mais amplos do que os atuais. Já tivemos um exemplo recente disso quando a SELIC chegou a 7,25% ao ano. O primeiro impacto negativo foi nos títulos públicos que deixaram de ser atrativos perdendo, inclusive, para a poupança. Adicionalmente, perdeu a poupança porque as regras de remuneração mudaram a partir de maio de 2012 afetando os pequenos poupadores. Então, o momento é para escolher novas políticas que ajudem a economia a crescer.
Nesse contexto volta-se a falar sobre gastos públicos, principalmente gastos com pessoal. Hoje é difícil encontrar um estado, um município, que não esteja no limite da Lei de Responsabilidade Fiscal. Tivemos num passado não muito distante o caso do Rio Grande do Sul. Não serviu de exemplo para ninguém. Pelo contrário. Agora temos a situação indelicada do Rio de Janeiro se arrastando candidamente mês a mês com uma equação sem solução real. Existe a promessa de ajuda do governo federal, mas como isso se fará sem que afete as contas da União? Não tem como. Então, o que vai ocorrer, precisamente, é a União assumir para si o endividamento do Rio de Janeiro. Mesmo a economia do Brasil se reestruturando o Rio de Janeiro não vai voltar ao superávit porque os problemas ali extrapolam as hostes econômicas.
Então, o governo precisa colocar em práticas medidas que fortaleçam este crédito que o empresariado brasileiro está dando. Na verdade, já dissemos aqui, o presidente Temer não tem moral nenhuma, mas o mercado resolveu acreditar na presença da equipe econômica que deveria continuar sendo formada por pessoas técnicas e não políticas. Vejam a Petrobras e comparem com o BNDES.