ARTIGO —Para onde vamos?

Por Maurício Assuero

Estamos chegando ao final do terceiro trimestre do ano e a única coisa que nos alegra é a perspectiva de que o Brasil tenha um crescimento positivo que possa ser impulsionado pela entrada de recursos do 13º no final do ano. Pedir, nesse instante, uma taxa de crescimento maior é simplesmente exigir que um defunto ressuscite. Talvez em 2018, se as coisas continuarem dentro dessa infeliz incerteza, pode ser que cresçamos 1%. É pouco? Claro, mas o pior é continuar caindo.

Um dado importante que devemos destacar foi o resultado da Bolsa de Valores que bateu recorde esta semana. Muito mais do que confiança na economia, este movimento decorre da queda na taxa de juros. Bolsa de Valores e taxa de juros andam em sentidos contrários: quando um cai a outra sobe. Na Bolsa de Valores temos as operações de renda variável, por exemplo, que envolvem um nível de risco maior do que aplicações em títulos do governo. Então, com taxa de juros alta, o investidor aplica o capital em títulos do governo porque o retorno é mais seguro. Se a taxa de juros cai, os títulos do governo deixam interessantes e é hora de arriscar um pouco mais. Em contrapartida, o governo terá mais dificuldade em captar e com isso pagar suas contas.

Esse cenário é para demonstrar o quanto está difícil para o Brasil caminhar em qualquer direção que não seja para baixo. Temer visitou Noruega, Rússia, China, agora nos Estados Unidos abriu o discurso da ONU dizendo que o Brasil está no caminho do crescimento graças às reformas. Quais? A da previdência tem tudo para não sair este ano e se sair não será da forma concebida inicialmente. Entende-se que Temer buscar vender uma imagem que está muito distante da realidade. Cada um de nós esperava que tais visitas se convertessem em negócios. Ledo engano. As pessoas ouvem, mas não acreditam.

Nitidamente, a injeção dos recursos na economia com o FGTS das contas inativas, mesmo sendo usada para pagar dívidas, foi um momento importante que permitiu o consumo das famílias crescer. Agora com a proximidade do final do ano, as atenções se voltam para o 13º salário. Obviamente, que uma parcela representativa desse bônus vai para pagar dívidas, mas há sempre um apelo forte na questão das festas do final do ano e isso pode ser um fator decisivo para a economia. Chegaremos a 2018, um ano de eleição presidencial, e aí teremos uma grande incógnita. Uma coisa é certa: ao contrário de Lula que abriu as comportas para eleger Dilma, Temer não pode fazer isso. Seus 3,45% de aprovação e a rejeição de 80% a qualquer candidato apoiado por ele são um bom indicativo de que o governo não vai se endividar mais.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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