ARTIGO — Pequeno produtor, aposte na gestão do seu negócio

Por Fábio Girardi

No atual cenário econômico do Brasil, os pequenos produtores rurais, na busca por maior lucratividade dos negócios, precisam focar a sua atenção nas possibilidades de ganho de eficiência para a sua produção. Há um reaquecimento do setor no país, porém, temos que considerar que, do ponto de vista operacional, as máquinas já estão no limite da sua produtividade e, pelo menos em um curto prazo, também não será viável aumentar a área das fazendas. A alternativa para solucionar essa equação é fazer o melhor com os recursos que já estão disponíveis.

Para esse raciocínio ser aplicado, o pequeno produtor tem que garantir um nível mínimo de gestão aos seus negócios e isso implica na adoção de sistemas que suportem a sua fazenda. O primeiro passo dessa jornada é assegurar a demonstração de indicadores e números da operação, por meio de uma ferramenta de planejamento. Com ela, será possível desenhar um cenário e enxergar todos os detalhes, como os custos esperados, a forma e o sequenciamento das atividades. É como ter uma fotografia do que seria o andamento da produção, do plantio, passando pela aplicação de insumos defensivos, o acompanhamento fitossanitário, os preparativos para a colheita, a armazenagem e o transporte. Com base nisso, pode-se prever um calendário e um cronograma, proporcionando uma visão operacional e de fluxo de caixa muito mais assertiva.

Depois dessa etapa, é muito importante fazer o monitoramento das atividades e checar se estão ocorrendo de acordo com o esperado. Vale ressaltar que, quanto menor o período comparado, maiores são as chances de garantir que o que foi planejado seja cumprido. O ideal é estabelecer ciclos de curtos períodos (mensais, quinzenais, semanais ou mesmo diários – dependendo da atividade, sim, isso é necessário), para verificar quaisquer desvios e tomar ações corretivas antes que tenham grande impacto na produção. Isso garante a saúde financeira do negócio e só é possível com o apoio de um software de gestão especializado no agronegócio.

Também é preciso verificar a eficiência do plantio, isto é, se ele ocorre no ritmo planejado, e fazer um controle fitossanitário rigoroso. Hoje, as tecnologias móveis permitem levantamentos com maior qualidade e prontidão sobre a infestação. Diretamente do campo, o funcionário usa tablets ou smartphones para enviar fotos das pragas e doenças da lavoura e informações sobre os pontos atingidos. O sistema, automaticamente, calcula a área afetada e indica o tipo e a quantidade de insumo que precisa ser aplicado. Isso garante o uso de defensivos somente quando é necessário e melhora a eficiência da defesa da lavoura, reduzindo as perdas ao final do ciclo. Contar com ferramentas de acompanhamento climático também podem fazer toda a diferença para o sucesso de uma safra, principalmente em áreas grandes, que podem ter chuva em lugares isolados da fazenda.

Após a colheita, a fazenda tem que encaminhar a produção para um local de armazenagem e, para isso, já tem que ter contratado empresas de transporte. Essa fase normalmente é feita manualmente, em planilhas de Excel, o que gera uma grande dificuldade para o agricultor, que tem que lidar com contratos e regras diferentes para cada prestador de serviços. Para isso, é essencial contar com uma tecnologia que apoie o gerenciamento dessas atividades, registrando dados de pesagem automaticamente. Tudo isso, facilita o controle sobre os pagamentos devidos a cada empresa. Além de organização, o sistema assegura a confiabilidade dos dados e permite o cruzamento das medições com as informadas pelas transportadoras.

Os pequenos produtores rurais que conseguirem dar esse passo são aqueles que compreendem os benefícios da gestão automatizada para a sustentabilidade da empresa, principalmente em um momento de retomada econômica para a Agroindústria. Porém, não basta apenas ter softwares. Também é preciso incentivar o fator humano, para que as pessoas tenham um olhar orientado à gestão do negócio, apoiando a adoção das tecnologias e iniciando um novo aculturamento dentro das fazendas.
*Fábio Girardi é diretor do Segmento de Agroindústria da TOTVS.

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Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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