ARTIGO — Propostas indecentes?

Maurício Assuero

Embora a taxa de desemprego tenha recuado para 11,2% em 2019, e as projeções indiquem que o emprego tende crescer em 2020, a velocidade que necessitamos não tem sido da forma esperada. O governo tem focado crescimento, no entanto, e as adversidades surgem de várias frentes, tanto internas quanto externas. O governo tem se valido de medidas monetárias, como a redução da taxa de juros, no entanto, esse mecanismo vai bater na ineficiência da proposta e pode causar um impacto não previsto no volume de empréstimo. Além disso, temos o dólar insistindo em permanecer alto e, apesar disso favorecer as exportações, afeta outros setores. Na verdade, não é o valor o dólar alto, por si, que incomoda, mas a falta de alternativas para controlar o mercado de câmbio que estão aquém das expectativas.

Um mercado sensível à variação do câmbio é o mercado de combustíveis. Impactos aqui jogam a economia pra baixo rapidinho porque o Brasil “anda de caminhão”. Esta semana, o presidente falou sobre isentar impostos federais, desafiando os governadores a retirar o ICMS do combustível. Lógico que ninguém vai querer fazer algo assim. O estado de Pernambuco cobra 25% de ICMS sobre o combustível. Isso é algo absolutamente desproporcional. Tudo que se move a combustível torna-se mais caro, no entanto, a desgraça não acaba aqui.

A Comissão de Constituição e Justiça aprovou um projeto de lei que proíbe produção de veículos movidos a combustível fóssil a partir de 2030 e a partir de 2040, a circulação, ressalvados os casos de colecionadores, estrangeiros etc. Obviamente, isso tem uma questão relacionada com o meio ambiente, mas não me parece que ele está pensando no prazo para que se desenvolva tecnologia que possa substituir este insumo. Muito provavelmente, em dez anos, a indústria não esteja capacitada para esse desafio. Isso requer pesquisas intensas e, apesar do advento do carro elétrico, o que vamos fazer quando a energia disponível não for suficiente para acumular nos milhares de carros.

Precisamos dizer também que será feito com os empregos do setor, com os investimentos maciços em equipamentos que ficarão obsoletos, sobre a capacidade do transporte urbano e a disponibilidade de renda dos potenciais compradores. Acredito que há uma boa intenção por trás de uma proposta como essa, mas convenhamos que uma mudança desse porte não pode ser intempestiva. Utopia? Demagogia? Façam seu juízo.

Para tornar as preocupações menos densas, chegou o Carnaval. Uma boa oportunidade para gerar renda através de serviços. O que se esperar que se brinque com segurança e sem violência. A geração de renda desse período é importante e logo depois temos a Semana Santa. Passado estes dois eventos, o segundo semestre é vazio de oportunidades por aqui. Então, aproveitemos. Bo

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *